Tapirus

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Como ler uma caixa taxonómicaAnta[1]
Ocorrência: Eoceno–Recente
Tapirus terrestris

Tapirus terrestris
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Perissodactyla
Família: Tapiridae
Gray, 1821
Género: Tapirus
Brisson, 1762
Espécie-tipo
Hippopotamus terrestris
Linnaeus, 1758
Espécies
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Sinónimos

Tapirus é um gênero de Perissodactyla da família Tapiridae que habita a América Central, a América do Sul e o sul da Ásia, sendo conhecidos popularmente por anta ou tapir. São os maiores mamíferos dos Neotrópicos e também os únicos da ordem Perissodactyla, os ungulados de dedos ímpares. Atualmente, são conhecidas cinco espécies viventes.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

"Anta" originou-se do termo árabe lamta[2] .

Também são conhecidos pelo nome tupi tapir, derivado do original tapi'ira[3] .

Taxonomia e evolução[editar | editar código-fonte]

O gênero Tapirus foi descrito por Mathurin Jacques Brisson, em 1762.[1] Antes disso, Linnaeus havia considerado as espécies do gênero dentro de Hippopotamus.[1] A família Tapiridae só foi descrita por John Edward Gray em 1821.[1] A espécie tipo considerada, Tapirus terrestris, incluía Tapirus pinchaque.[1] Tapirus bairdii já foi classificado em um gênero a parte, Tapirella, e Tapirus indicus em Acrocodia.[1] Atualmente, todas estão incluídas no gênero Tapirus.

Os primeiros tapirídes, tais como Heptodon, apareceram no Eoceno.[4] Eram muito parecidos com as espécies atuais, mas tinham metade do tamanho e careciam da probóscide. Os primeiros tapirídeos verdadeiros surgiram no Oligoceno. No Mioceno, o até então Miotapirus era indistinguível no atual Tapirus. Tapirídeos asiáticos e americanos divergiram entre 20 a 30 milhões de anos atrás: os ancestrais das antas migraram para a América do Sul cerca de 3 milhões de anos atrás, como parte Grande Intercâmbio Americano.[5] Por muito tempo, as antas eram comuns na América do Norte, se extinguindo cerca de 10000 anos atrás.[6] T. merriami, T. veroensis, T. copei, e T. californicus se tornaram extintos na América do Norte no Pleistoceno. O "tapir -gigante" Megatapirus sobreviveu até 4000 anos atrás, na China.

Estudos moleculares sugerem que a primeira espécie atual a divergir no gênero Tapirus foi Tapirus indicus, há cerca de 9 milhões de anos, seguido por Tapirus bairdii, cerca de 5 milhões de anos atrás.[7] O clado contendo Tapirus terrestris e Tapirus pinchaque divergiu de Tapirus kabomani há 500 mil anos.[7] Entretanto, T. pinchaque, neste mesma análise filogenética, torna o clado de T. terrestris parafilético.[7]

Espécies viventes[editar | editar código-fonte]

São conhecidas cinco espécies do gênero, sendo que uma quinta espécie foi descrita em 2013.[7]

Espécies do gênero Tapirus, incluindo T. kabomani.
Espécie Peso Estado na IUCN Ocorrência
Tapirus bairdii

Tapirus bairdii
150 – 400 kg Status iucn3.1 EN.svg
Em perigo[8]

Belize, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, El Salvador (extinta)

Tapirus indicus

Tapirus indicus
250 – 320 kg Status iucn3.1 EN.svg
Em perigo[9]

Indonésia (ilha de Sumatra), Malásia, Myanmar, Tailândia


Tapirus kabomani
110 kg Não avaliada

Brasil, Colômbia, Guiana Francesa

Tapirus pinchaque

Tapirus pinchaque
150 – 225 kg Status iucn3.1 EN.svg
Em perigo[10]

Bolívia (extinta), Colômbia, Equador, Peru, Venezuela (extinta)

Tapirus terrestris

Tapirus terrestris
150 – 320 kg Status iucn3.1 VU.svg
Vulnerável[11]

Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela

Características[editar | editar código-fonte]

A anta chega a pesar trezentos quilogramas. Tem três dedos nos pés traseiros e um adicional, bem menor, nos dianteiros. Tem uma tromba flexível, preênsil e com pelos, que sente cheiros e umidade. Vive perto de florestas úmidas e rios: toma, frequentemente, banhos de água e lama para se livrar de carrapatos, moscas e outros parasitas.

Herbívora monogástrica seletiva, come folhas, frutos, brotos, ramos, plantas aquáticas, grama e pasto. Pode ser vista se alimentando até em plantações de cana-de-açúcar, arroz, milho, cacau e melão. Passa quase dez horas por dia forrageando em busca de alimento. De hábitos noturnos, esconde-se de dia na mata, saindo à noite para pastar.

De hábitos solitários, são encontrados juntos apenas durante o acasalamento e a amamentação. A fêmea tem geralmente apenas um filhote, e o casal se separa logo após o acasalamento. A gestação dura de 335 a 439 dias. Os machos marcam território urinando sempre no mesmo lugar. Além disso, a anta tem glândulas faciais que deixam rastro.

Quando ameaçada, mergulha na água ou se esconde na mata. Ao galopar, derruba pequenas árvores, fazendo muito barulho. Nada bem e sobe com eficiência terrenos íngremes. Emite vários sons: o assobio com que o macho atrai a fêmea na época do acasalamento, o guincho estridente que indica medo ou dor, bufa mostrando agressão e produz estalidos.

Imagens[editar | editar código-fonte]

Filhote de anta

Referências

  1. a b c d e f Grubb, P.. Order Perissodactyla. In: Wilson, D.E.; Reeder, D.M. (eds.). Mammal Species of the World. 3 ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2005. 629–636 p. p. 306. ISBN 978-0-8018-8221-0 OCLC 62265494
  2. Ferreira, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.127
  3. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
  4. Ballenger, L. and P. Myers. 2001. Family Tapiridae (On-line), Animal Diversity Web. Retrieved November 22, 2007.
  5. > (1996) "Phylogenetic analysis of the perissodactyl family tapiridae using mitochondrial cytochrome c oxidase (COII) sequences". Mammal Evolution 3 (4): 315–326. DOI:10.1007/BF02077448.
  6. In: Palmer, D.. The Marshall Illustrated Encyclopedia of Dinosaurs and Prehistoric Animals. London: Marshall Editions, 1999. p. 261. ISBN 1-84028-152-9
  7. a b c d Cozzuol, M.A., C.L. Clozato, E.C. Holanda, F.H.G. Rodrigues, S. Nienow, B. de Thoisy, R.A.F. Redondo, and F.R. Santos. (2013). "A new species of tapir from the Amazon". Journal of Mammalogy 94: 1331–1345. DOI:10.1644/12-MAMM-A-169.1.
  8. Castellanos, A., Foerester, C., Lizcano, D.J., Naranjo, E., Cruz-Aldan, E., Lira-Torres, I., Samudio, R., Matola, S., Schipper, J. & Gonzalez-Maya. J. (2008). Tapirus bairdii (em Inglês). IUCN 2013. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN de 2013 Versão 2. Página visitada em 18 de janeiro de 2014.
  9. Lynam, A., Traeholt, C., Martyr, D., Holden, J., Kawanishi, K., van Strien, N.J. & Novarino, W. (2008). Tapirus indicus (em Inglês). IUCN 2013. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN de 2013 Versão 2. Página visitada em 18 de janeiro de 2014.
  10. Diaz, A.G. et al (2008). Tapirus pinchaque (em Inglês). IUCN 2012. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN de 2012 Versão 2. Página visitada em 18 de janeiro de 2014.
  11. Naveda, A., de Thoisy, B., Richard-Hansen, C., Torres, D.A., Salas, L., Wallance, R., Chalukian, S. & de Bustos, S. (2008). Tapirus terrestris (em Inglês). IUCN 2013. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN de 2013 Versão 2. Página visitada em 18 de janeiro de 2014.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]