Azamor

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Azamor do rio Morbeia
"Azaamurum" (Braun e Hogenberg. "Civitates Orbis Terrarum", 1572).

Azamor (em árabe: أزمور; transl.: Az-Zammur as oliveiras) é uma cidade situada na margem esquerda do rio Morbeia, a cerca de dez quilómetros da antiga Mazagão, na costa atlântica do norte do Marrocos.

História[editar | editar código-fonte]

Azamor fica na antiga Azama, um porto comercial de fenícios e mais tarde do Império Romano. Ainda hoje podem ser vistos os restos de um depósito romano de grãos nos chamados "cisternas portugueses" da vizinha El Jadida[1] . Alguns historiadores acreditam Azama foi a cidade mais austral do antigo Marrocos sob o controle romano durante a Augusto vezes.

Embora dependente do rei de Fez, constituía-se numa povoação comercial bastante dinâmica. Reputada pela excelência de seu porto fluvial, em 1486, devido à instabilidade política regional, os seus habitantes pediram a proteção do rei D. João II (1481-1495), de quem se tornaram vassalos e tributários. O tributo anual era de dez mil sáveis, peixe abundante naquele rio, permitindo o estabelecimento de uma feitoria. Como primeiro feitor foi escolhido o escudeiro Martim Reinel, que já lá se encontrava em função da negociação do acordo, cujas funções exerceu até 1501.

O rei Manuel I de Portugal (1495-1521) confirmou os termos do contrato em 1497. Mais tarde, surgindo desavenças em torno do mesmo, Rodrigues Bérrio, um armador de Tavira que costumava ir pescar sáveis a Azamor, em 1508 deu conhecimento a D. Manuel das grandes divisões entre os seus habitantes e do desejo que alguns manifestavam em se tornar súditos de Portugal. Atendendo a esses motivos, foi enviada uma pequena armada (50 navios e 2.500 homens) sob o comando de Dom João de Menezes, para submeter a cidade, sem sucesso.

Em 1513, a expulsão de alguns portugueses que viviam na cidade, e consequentemente encerramento da feitoria portuguesa por iniciativa de Muley Zião, deu ensejo a que, a 15 de agosto fosse enviada do reino uma nova armada (500 navios, 13 mil homens a pé, mais de 2 mil a cavalo, e gente de mar), sob o comando de D. Jaime, duque de Bragança.[2] No dia 1 de setembro seguinte, as forças portuguesas avançaram sobre a cidade, que capitulou, sem resistência, dois dias depois, a 3. Participou da expedição o engenheiro militar Francisco Danzilho, que desenhou uma ou mais vistas da cidade, que foram remetidas ao soberano.[3]

D. João de Menezes ficou por capitão da praça, com três mil homens para a sua defesa. Entretanto, conforme informou o soberano ainda no mesmo ano, esse quantitativo era insuficiente para a sua defesa, uma vez que a cidade era práticamente do tamanho de Évora, e as suas defesas eram muito fracas.[4]

Durante o ano seguinte (1514) ali atuaram os irmãos Diogo e Francisco de Arruda, responsáveis pelo que é considerado como a sua obra mais marcante no Norte d'África: dois baluartes curvilíneos, o de "São Cristóvão", anexo ao Palácio dos Capitães como uma torre de menagem compacta; e o do "Raio", no extremo da fortaleza, decorado por quarenta bandeiras e com espaço para mais de sessenta peças de artilharia fazerem fogo, simultaneamente, em todas as direções.

A Praça-forte de Azamor foi abandonada em 1541, por determinação de D. João III (1521-1557), após a queda da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué (1541).

Governadores de Azamor[editar | editar código-fonte]

Património edificado[editar | editar código-fonte]

Em termos de património edificado, a cidade conserva alguns vestígios da ocupação portuguesa, nomeadamente troços das muralhas, casario e as ruas interiores, com elementos em estilo manuelino.

Referências

  1. Romana Azama
  2. CRUZ, Maria Augusta Lima. "Documentos Inéditos para a História dos Portugueses em Azamor". Arquivos do Centro Cultural Português, Paris, 1970. vol. II.
  3. SOUSA VITERBO, F. M. de. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou ao Serviço de Portugal. Lisboa, 1899-1922, vol. I, p. 275.
  4. "Les Sources Inédites de l'Histoire du Maroc". Portugal, edição de Pierre de Cénival, David Lopes e Robert Ricard. Paris, 1934-1935, vol. I, p. 459-467.
  5. David Lopes, na História de Arzila, diz que D. Pedro de Sousa também era capitão da vila em 1523

Ver também[editar | editar código-fonte]

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