Custo Brasil

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O Custo Brasil é um termo genérico, usado para descrever o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem o investimento no Brasil, dificultando o desenvolvimento nacional, aumentando o desemprego, o trabalho informal, a sonegação de impostos e a evasão de divisas. Por isso, é apontado como um conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional.[1]

O termo é largamente usado na imprensa, fazendo parte do jargão econômico e político local.

Exemplos do Custo Brasil são:

  • Corrupção administrativa pública elevada;[2] [3]
  • Déficit público elevado;[4]
  • Burocracia excessiva para criação e manutenção de uma empresa;[5] [6]
  • Cartelização da economia;[7]
  • Manutenção de taxas de juros reais elevadas;[8]
  • Spread bancário exagerado (um dos maiores do mundo);[9]
  • Burocracia excessiva para importação e exportação, dificultando o comércio exterior;[10] [11]
  • Carga tributária alta;[12] [13]
  • Altos custos trabalhistas;[14] [15]
  • Altos custos do sistema previdenciário;[16]
  • Legislação fiscal complexa e ineficiente;[17]
  • Insegurança jurídica;[18]
  • Alto custo da energia elétrica;[19]
  • Infraestrutura precária (saturação de portos, aeroportos, estradas e ferrovias);[7] [20]
  • Baixa qualidade educacional e falta de mão de obra qualificada;[21]
  • Desperdício na distribuição de energia elétrica e de água. A Revista "Gerente de Cidades" estima que em sistemas eficientes a perda na distribuição de energia elétrica seja de 4%, no Brasil, este índice atinge 17%, e, em relação à água, a perda aceitável estaria em 20%, em muitos municípios brasileiros esta perda chega a 42% da água disponibilizada;[22]
  • Entraves burocráticos e insegurança jurídica na Construção Civil;[23]

Em 2013, as más condições de conservação das rodovias federais do Brasil elevaram os gastos em combustíveis em 1,4 bilhões de reais.[24]

A Abimaq divulgou em março de 2010 um estudo inédito que mensurou o Custo Brasil para produtos agrícolas. Oito itens foram considerados, e, ficou constatado que o Custo Brasil encarece em média 36,27% o preço do produto brasileiro em relação aos seus similares fabricados na Alemanha e nos Estados Unidos.[1] Apenas a falta de infraestrutura logística para o transporte de grãos ocasiona uma perda estimada em 4 bilhões de dólares por safra.[25]

Estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia da FIESP[26] comprova que um bem manufaturado nacional é, em média, 34,2% mais caro que o seu similar importado dos principais parceiros comerciais do Brasil, já incluídas as alíquotas de importação vigentes, unicamente em função do Custo Brasil, isto é, devido às deficiências no ambiente de negócios do país.

Estudo da FIRJAN demonstrou que a liberação de carga em um aeroporto como o Galeão, no Rio de Janeiro, leva, em média, 217 horas para ser finalizada, enquanto na China a mesma operação não dura mais do que quatro horas.[27]

O Banco Mundial posicionou o Brasil na centésima trigésima posição em seu ranking que classifica os países por "facilidade em se fazer negócios", o Doing Business Ranking. Cento e oitenta e cinco países estão inclusos neste ranking.[28]

Tentativas de combate ao Custo Brasil[editar | editar código-fonte]

  • Em 28 de fevereiro de 2013, o Senado Federal aprovou Medida provisória "que desonera empresas e visa reduzir o custo Brasil" reduzindo a tributação sobre a folha de pagamento de setores como transporte e engenharia.[29] Entretanto, a medida gerou uma redução média de apenas 0,5% da carga de tributos no preço final dos produtos e serviços, não tendo ocasionado, portanto, redução significativa do Custo Brasil.[30]
  • A Medida Provisória 595, também conhecida como "MP dos Portos", pretende aumentar a competitividade da infraestrutura portuária brasileira. Segundo a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, novos portos serão construídos ao longo da costa brasileira após a aprovação da medida provisória.[31]

Opiniões sobre o "Custo Brasil"[editar | editar código-fonte]

José Serra assim se posicionou em relação ao Custo Brasil:

"O elevado custo Brasil começa na burocracia para pagar impostos, que consome o equivalente a 2,6% dos preços industriais! Com a carga tributária, o conjunto vai a 15,5%, em relação aos nossos parceiros comerciais. Se incluirmos os custos financeiros, de energia, matérias- primas e transportes, o ônus sobre os produtos manufaturados, na comparação com esses parceiros, é de 25%, segundo competente estudo da Fiesp. É o custo Brasil. Em cima disso, a sobrevalorização cambial teve um papel especialmente perverso: em relação a 2002, ficou em torno dos 40%, puxada por juros reais extravagantes, que só recuaram em 2012."[32]

Referências

  1. a b Custo Brasil, uma sobrecarga de 36% - O Estado de S.Paulo, 8 de março de 2010 (visitado em 8-3-2010)
  2. O preço da corrupção no Brasil Revista IDEIAS - Política, Economia & Cultura do Paraná.
  3. [1]
  4. [2]
  5. [3]
  6. [4]
  7. a b Entenda o Custo Brasil advivo.com.br.
  8. As taxas de juros e o custo Brasil Brasil Econômico.
  9. Spread bancário custa R$ 261 bi aos brasileiros em 12 meses Estadão.
  10. [5]
  11. [6]
  12. Bernardo Vidal Auditoria - Referência para gastos corporativos bernardovidal.com.br.
  13. [7]
  14. Brasil é nº 1 em encargos trabalhistas Estadão.
  15. [8]
  16. Custo Brasil netsaber.com.br.
  17. Análise crítica do Sistema Tributário Nacional e sugestões para o seu aperfeiçoamento Jus Navigandi (18 August 2010).
  18. [9]
  19. A eletricidade e o custo Brasil Estadão.
  20. [10]
  21. Mão de obra desqualificada é um dos maiores problemas dos empresários Administradores.com.
  22. Gerente de Cidades, n° 66, abril/jun 2013, página 88
  23. Gargalos na construção de imóveis atrasam obras em até 17 meses uol.com.br.
  24. Má conservação de rodovias elevam em R$ 1,4 bi gasto anual de combustível, diz pesquisa uol.com.br.
  25. [11]
  26. [12]
  27. Ramona Ordoñez (2 April 2013). Liberação de carga no Galeão leva 217 horas, diz Firjan O Globo.
  28. Ranking of economies - Doing Business - World Bank Group doingbusiness.org.
  29. Senado aprova MP que desonera empresas e visa reduzir o custo Brasil Senado Federal - Jornal do Senado.
  30. [13]
  31. ‘Garantir competitividade dos portos é fundamental’, diz Gleisi Estadão.
  32. José Serra no Estadão: Nada além dos fatos robertofreire.org.br.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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