Estação Antártica Comandante Ferraz

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Estação Antártica Comandante Ferraz
Mapa da área com a localização da estação e dos refúgios brasileiros.
Mapa da área com a localização da estação e dos refúgios brasileiros.
Coordenadas 62° 05' 06" S 58° 24' 12" O
País  Brasil
Território Antártida Brasileira
Estabelecida 6 de fevereiro de 1984
População
 - Total 101
    • Densidade 0,01/km2 
 - Horário de verão BRT (UTC-3)
Código postal 20091-971
www.mar.mil.br

Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) é uma base antártica pertencente ao Brasil localizada ilha do Rei George, a 130 quilômetros da Península Antártica, na baía do Almirantado, na Antártida.

Começou a operar em 6 de fevereiro de 1984, levada à Antártida, em módulos, pelo navio oceanográfico NApOc Barão de Teffé (H-42) e diversos outros navios da Marinha do Brasil. Foi parcialmente destruída por um incêndio no dia 25 de fevereiro de 2012.

O nome da estação homenageia Luís Antônio de Carvalho Ferraz, um comandante da marinha brasileira, hidrógrafo e oceanógrafo que visitou o continente antártico por duas vezes a bordo de navios britânicos. Ferraz desempenhou importante papel ao persuadir o Brasil a desenvolver um programa antártico (o PROANTAR).

História[editar | editar código-fonte]

A estação antártica brasileira Comandante Ferraz antes do incêndio.

A estação foi nomeada em homenagem ao comandante da Marinha Luís Antônio de Carvalho Ferraz, um hidrógrafo e oceanógrafo que visitou duas vezes Antártica a bordo dos navios britânicos. Ele foi fundamental em persuadir o governo de seu país a desenvolver um programa antártico e morreu subitamente em 1982, enquanto representava o Brasil em uma conferência oceanográfica em Halifax, Canadá.[1]

A estação foi construída no mesmo local da antiga "Base de G" britânica[2] e as ruínas de madeira da base antiga fazem um forte contraste com as estruturas de metal verdes e alaranjadas brilhantes da estação brasileira, que teve o primeiro conjunto formado em 6 de Fevereiro de 1984. Acima do local da base há um pequeno cemitério, com cinco cruzes: três delas são os túmulos de membros do British Antarctic Survey (BAS); o quarto homenageia um líder da base do BAS que se perdeu no mar e a quinta cruz é o túmulo de um sargento brasileiro operador de rádio, que morreu de um ataque cardíaco em 1990.[1]

Incêndio em 2012[editar | editar código-fonte]

Fotografia do incêndio que destruiu parte da estação em 2012.

Na madrugada do dia 25 de fevereiro de 2012, com 60 pessoas na base, ocorreu um incêndio iniciado por uma explosão sem causa estimada na Praça das Máquinas, onde ficam os geradores de energia da estação. Por ser anexa ao restante das instalações, o fogo se alastrou. Um suboficial (Carlos Alberto Vieira Figueredo) e um primeiro-sargento (Roberto Lopes dos Santos) morreram porque não conseguiram deixar a Praça das Máquinas e um sargento foi ferido, mas levado com vida para a estação polonesa onde recebeu primeiros socorros e posterior transferência para uma base chilena. O militar seria mais tarde transportado para o Hospital das Forças Armadas do Chile, em Punta Arenas.[3] Para a base antártica do Chile foram transportados também todos os civis, encaminhados então também para a cidade de Punta Arenas, no Chile, e por fim de volta ao Brasil, em um avião da Força Aérea Brasileira.[4] [5]

O combate ao incêndio seguiu pelo dia com o grupo de 12 militares que manteve-se na base até que a Marinha decidiu interromper o trabalho devido às condições climáticas adversas, características da Antártida. Junto a um navio da Armada Chilena, planejou voltar ao local para avaliação dos danos.[6] e estimou destruição de 70% da base. O prédio principal, que incluía os alojamentos e alguns laboratórios, foi completamente destruído. As unidades que ficavam isoladas da instalação central salvaram-se: laboratórios de meteorologia, química e estudo da alta atmosfera, além de contêiners com material de pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.[3] [7]

Os militares Carlos Alberto Vieira Figueiredo e Roberto Lopes dos Santos, mortos no incêndio, receberam postumamente o grau de comendador da Ordem do Mérito da Defesa e a Medalha Naval de Serviços Distintos da Marinha.[8] Em dezembro de 2014 foi publicada a lei 13.065/14 que concedeu auxílio especial e bolsa especial de educação aos dependentes dos militares da Marinha falecidos neste acidente [9]

Reconstrução[editar | editar código-fonte]

Projeto da nova estação.

O governo federal anunciou dias depois do incêndio de 2012 um programa para a reconstrução da base antártica, com projeto mais moderno, com prazo de conclusão de 2 anos.[7] [10] A Marinha abriu um processo de licitação, exclusivo para empresas nacionais, para a obra de reconstrução da estação no fim de 2013 e que terminou no fim de fevererio de 2014. No entanto, nenhuma empresa demonstrou interesse em participar.[11] Em março de 2014, as pesquisas na estação foram retomadas após a instalação de módulos emergenciais.[12]

Em julho a Marinha divulgou o novo edital para a reconstrução da estação, com obras estimadas em cerca de 110,5 milhões de dólares e aberto a empresas brasileiras ou estrangeiras.[13] Três empresas apresentaram proposta na licitação e será escolhida a empresa ou consórcio que oferecer o menor preço. Apresentaram propostas a empresa chinesa CEIEC, a finlandesa FCR Finland e o consórcio formado pela brasileira Ferreira Guedes e a chilena Tecno Fast, divulgou o Ministério da Defesa.[14]

Em maio de 2015 foi anunciado que a empresa CEIEC, da China, foi a vencedora da licitação para construir a nova base brasileira no continente antártico. O custo da obra será de 99,7 milhões de dólares e a previsão inicial era a de que fosse concluída em 2016.[15]

A estação será reconstruída de acordo com projeto de arquitetura vencedor de concurso público apresentando pelo escritório curitibano Estúdio 41. [16]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Foto tirada de local próximo à base Comandante Ferraz em 1987.

Clima[editar | editar código-fonte]

No verão, naturalmente em condições menos adversas, a população na estação aumenta, o que se traduz em maior nível de atividade. É nesta época que são executados os serviços de manutenção, ampliação, reabastecimento e apoio aos projetos científicos, tecnológicos e pesquisas de maior vulto. As condições de locomoção e transporte se dão com maior facilidade, há menos gelo a dificultar as atividades dos habitantes. Os ventos são mais fracos, e a temperatura também é mais amena, chegando aos 5°C.

Nuvola apps kweather.svg Dados climatológicos para Comandante Ferraz Antarctic Station Weather-rain-thunderstorm.svg
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima média (°C) 4,3 4,2 3,3 1,0 -0,5 -2,5 -3,3 -2,5 -1,0 0,2 2,1 3,4 0,7
Temperatura média (°C) 2,2 2,2 1,1 -1,5 -3,1 -5,4 -6,4 -5,3 -3,7 -2,0 -0,2 1,2 -1,7
Temperatura mínima média (°C) 0,4 0,4 -1,0 -3,7 -5,6 -8,1 -9,7 -8,2 -6,5 -4,1 -2,1 -0,6 -4,0
Fonte: CPTEC/INPE[17]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os habitantes da estação.
Base vista do mar.

A estação dispõe de todas as instalações necessárias como se fosse uma pequena cidade. O total atual de módulos é de sessenta e duas unidades. Recentemente, passou a fazer parte da EACF um heliporto, construído de acordo com as normas internacionais.

Até 2004 a composição modular chegou a sessenta habitáculos com capacidade de viverem confortavelmente 48 pessoas, parecendo uma pequena vila em meio ao gelo antártico. A estação opera durante todo o ano. A estrutura é composta por depósitos, oficinas, biblioteca, salas de lazer e estar, enfermaria, sala de comunicações, ginásio de esportes, cozinha e refeitório.

A administração da estação é executada por militares da Marinha do Brasil, que ali permanecem durante um ano, sendo trocados ao final do período.

Pesquisadores[editar | editar código-fonte]

No inverno, os pesquisadores são em pequena quantidade, pois dependem do solo exposto e de mar aberto para efetuar a coleta de amostras cujos dados serão compilados e enviados às instituições-sede. Nessa época, o transporte depende da Força Aérea Brasileira, pois não se consegue chegar à base através do mar utilizando o NApOc Ary Rongel (H-44). São realizados sete vôos anuais com aeronaves C-130 Hercules. As instalações da base são capazes de abrigar 46 pessoas.[18]

Atividades[editar | editar código-fonte]

Os programas de pesquisas permitiram estudar o impacto das mudanças ambientais globais na Antártida e suas consequências para as Américas inclusive a Amazônia. Ali foi detectado o aumento da temperatura global, o efeito estufa, o aumento do buraco da camada de ozônio, o aumento do nível dos oceanos, além de recolhidos elementos provenientes da poluição causada em sua maioria pelos países do hemisfério norte. Todas as alterações detectadas pela Estação Antártica Comandante Ferraz mostram claramente a interação entre os hemisférios e sua interferência nas mudanças globais.

Refúgios[editar | editar código-fonte]

Próximo a estação estão localizadas várias pequenas estruturas que dependem administrativamente e logisticamente da base principal:

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. a b O nome da Estação. Marinha do Brasil. Acessado em 13 de setembro d 2013.
  2. BAS Admiralty Bay Station G British Antarctic Survey. Acessado em 27 de fevereiro de 2012.
  3. a b Fábio Fabrini (26 de fevereiro de 2012). Incêndio destruiu 70% do centro de pesquisa, diz Marinha O Estado de S. Paulo. Visitado em 27 de fevereiro de 2012.
  4. Sergio Torres (25 de fevereiro de 2012). Incêndio em base brasileira na Antártida deixa dois mortos O Estado de S. Paulo. Visitado em 25 de fevereiro de 2012.
  5. Fogo em base brasileira na Antártida deixa dois mortos
  6. Marinha interrompe combate a incêndio na Antártida devido a mau tempo O Estado de S. Paulo (25 de fevereiro de 2012). Visitado em 25 de fevereiro de 2012.
  7. a b Roberto maltchik (27 de fevereiro de 2012). Reconstruir base brasileira na Antártida deve levar dois anos O Globo. Visitado em 28 de fevereiro de 2012.
  8. ISTOÉ: Militares mortos em base na Antártida são condecorados no Rio istoe.com.br (2012). Visitado em 3 de maio de 2012.
  9. Site do Planalto.
  10. Roberto Maltchik, Vivian Oswald (27 de fevereiro de 2012). Dilma determina reconstrução da base brasileira na Antártida O Globo. Visitado em 28 de fevereiro de 2012.
  11. G1Licitação para base do Brasil na Antártica termina sem propostas (26 de fevereiro de 2014). Visitado em 22 de fevereiro de 2015.
  12. Folha de S. PauloBrasileiros retomam pesquisa na estação antártica após incêndio em 2012 (16 de março de 2014). Visitado em 22 de fevereiro de 2015.
  13. G1Marinha lança novo edital para construir estação na Antártica (21 de julho de 2014). Visitado em 22 de fevereiro de 2015.
  14. Revista ExameReconstrução de base brasileira na Antártida atrai três (9 de outubro de 2014). Visitado em 22 de fevereiro de 2015.
  15. Folha de S. PauloEmpresa chinesa ganha licitação para construir base brasileira na Antártida (21 de maio de 2015). Visitado em 22 de maio de 2015.
  16. Iabrj: Estúdio 41, de Curitiba, vence concurso de projetos para novas instalações da estação brasileira na Antártida..
  17. Ferraz Climatology. Summary of meteorological data from the Antarctic Station Comandante Ferraz. Retrieved 29 February 2012
  18. A Estação Comandante Ferraz Estação de Apoio Antártico.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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