Fronteira Brasil–Guiana

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Fronteira terrestre entre
 Brasil
e Guiana
Traçado da fronteira
Delimita:  Brasil e
Guiana
Comprimento: 1605 km
Posição: 34
Criação: 1904
Traçado atual: 1926

A fronteira entre o Brasil e a Guiana é a linha que limita os territórios do Brasil e da Guiana.

Traçado[editar | editar código-fonte]

Tríplice fronteira Brasil/Venezuela/Guiana no monte Roraima.

A fronteira inicia-se no planalto das Guianas num ponto de tríplice fronteira onde se juntam a fronteira Brasil–Suriname, a fronteira Guiana–Suriname e a fronteira Brasil–Guiana. Segue para leste ao longo da divisória entre a bacia do rio Amazonas e os rios da Guiana que drenam para o Oceano Atlântico (rio Essequibo, rio Courantyne) sobre a Serra Acari. Toma a direção Norte, ao longo do rio Tacutu e depois do seu afluente Ireng, onde se estende a savana de Rupununi. Segue a divisória de águas, passando por tepuis, um dos quais o ponto mais setentrional do Brasil, o Monte Caburaí, e termina na tríplice fronteira sobre o monte Roraima onde se liga à fronteira Brasil–Venezuela e à fronteira Guiana–Venezuela.

História[editar | editar código-fonte]

Carta dos territórios outorgados ao Brasil e ao Reino Unido na sequência da resolução da questão do Pirara.

A região esteve isolada durante muito tempo depois dos europeus terem empreendido a colonização da América do Sul. Enquanto os portugueses colonizavam pouco a pouco os confins da Amazónia, os holandeses e os seus sucessores britânicos subiam os grandes rios da Guiana. O sábio prussiano Robert Hermann Schomburgk explorou para os britânicos a atual zona de fronteira a partir de 1835 e desceu em 1842 o rio Tacutu até à sua confluência com o rio Ireng proclamando que toda a zona era do domínio britânico. Isto provocou o protesto dos brasileiros que pediram uma arbitragem. Em 1901, o litígio conhecido como questão do Pirara foi submetida à arbitragem do soberano Vítor Emanuel III da Itália: concluiu-se em favor do Reino Unido, tendo este país obtido 19 630 km² enquanto que apenas 13 570 km² reverteram para o Brasil. A fixação da delimitação sobre os rios Takutu e Ireng deu aos ingleses uma entrada para a bacia do rio Amazonas. Uma ligeira modificação em 1926 deu ao traçado a forma de hoje, e foi materializado no terreno com marcos de fronteira entre 1932 e 1939.

Populações e movimentos migratórios[editar | editar código-fonte]

A presença ameríndia é muito importante nesta zona, e as diversas etnias (principalmente Macuxi, Pemon, Wapishana e Kapon) são repartidas de ambos os lados da freonteira que separou artificialmente os seus territórios. Isto facilita na prática os movimentos populacionais.

As populações fronteiriças migraram frequentemente entre ambos os países. No início do século XX, enquanto a bacia do rio Branco em Roraima era pouco a pouco colonizada pelos grandes proprietários (fazendeiros) brasileiros que instauraram o trabalho forçado ou a remuneração em géneros, certos ameríndios revoltaram-se na Guiana[1] onde o mesmo tipo de criação bovina extensiva era praticado mas onde as condições salariais e o nível de desenvolvimento em geral eram bem melhores. Pouco depois da independência da Guiana em 1966, os fluxos inverteram. Depois da revolta do Rupununi de janeiro de 1969, fomentada pelos grandes criadores de origem europeia apoiados pelos seus empregados ameríndidos e duramente reprimida pelo exército da Guiana, muitos habitantes do Rupununi refugiaram-se no Brasil e Venezuela. Em seguida, a má gestão económica conduzida pelo partido marxista no poder, o People's National Congress alimentou a emigração para o Brasil que ainda hoje existe, mau grado as mudanças políticas que houve, devido à diferença do nível de vida entre os dois países[2] .

Pontos de passagem[editar | editar código-fonte]

A Ponte sobre o Rio Tacutu, com a visão do lado brasileiro a partir da Guiana, na cidade de Lethem.

Esta longa fronteira é pouco acessível. As partes acidentadas tanto a leste como a norte são particularmente difíceis. Apenas a parte central, plana e coberta por savanas é mais propícia à circulação. O principal ponto de passagem está no leste da fronteira sul do rio Tacutu entre as localidades guianesa de Lethem e brasileira de Bonfim. A construção de uma ponte está em curso e permitirá criar um eixo Boa VistaGeorgetown oferecendo ao Brasil uma abertura ao espaço caribenho e até norte-americano.[3] Uma rota alternativa existe mais a norte entre o município de Normandia e Good Hope.

Referências

  1. Carlos Alberto Borges da Silva A revolta do Rupuruni, uma cartografia possivel, p.73
  2. Mapa da imigração nas fronteiras do Brasil em 1996
  3. Estrada de terra dirige o debate sobre o futuro da Guiana. Página publicada em 25 de maio de 2010 às 7h 15min e acessada em 2 de julho de 2010.