Hunsrückisch

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Hunsrückisch ou Hunsrik
Pronúncia: Runsrik
Falado em: Sul do Brasil e Espírito Santo
Região: América do Sul
Total de falantes: 200 mil (aprox.)[1]
Família: Indo-europeia
 Germânico
  Ocidental
   Alto alemão
    Médio alemão
     Médio alemão ocidental
      Hunsrückisch ou Hunsrik
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---

O Hunsrückisch é uma língua germânica da família Franco-Mosela falado na região do Hunsrück no sudoeste da Alemanha e nos estados brasileiros de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo (municípios de São Roque e Mairinque) e Espírito Santo (municípios de Marechal Floriano e Domingos Martins)

No Brasil[editar | editar código-fonte]

Com a imigração alemã ao Brasil, no decorrer dos últimos 180 anos, o Hunsrückisch também veio a se estabelecer como uma língua regional. A forma brasileira da língua foi muito influenciada pelas novas fauna, flora e pelas novas línguas com as quais passou a ter contato.(Por exemplo o português (incluindo palavras indígenas e africanas absorvidas pelo português), o italiano, o pomerano, o alemão-padrão etc…). O fato de o hunsrückisch ter surgido numa região da fronteira da Alemanha com a França, seu léxico foi influenciado pela língua francesa, tendo muitos dos primeiros imigrantes pré-nomes franceses como Charlotte, Jeans-Philipp etc.

Não existem estatísticas precisas quanto ao número de pessoas que consideram o hunsrückisch sua língua materna ou que são fluentes ou mesmo que conseguem se comunicar nessa língua em algum grau de fluência, mas as estimativas estão na casa dos milhões. Note-se que a vasta maioria dos falantes do hunsrückisch no Brasil é fluente em português, devido a isso, em muitos casos, o hunsrückisch não costuma ser utilizado fora do lar ou fora de suas comunidades.

É a língua co-oficial do município de Antônio Carlos (em Santa Catarina)[2] , em está atualmente em fase de oficialização em Santa Maria do Herval (no Rio Grande do Sul).[3] [4]

Imigração[editar | editar código-fonte]

A imigração propriamente dita de povos teutos da Europa central ao Brasil teve início oficialmente em 1824 quando aportaram as primeiras famílias alemãs no Rio Grande do Sul. Logo após, iniciou-se a colonização de imigrantes de fala alemã nos estados vizinhos de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro; e em menor escala, em outros estados do Brasil (Espírito Santo e leste de Minas Gerais). A colonização por imigrantes germânicos deu-se majoritariamente em locais sem muito desenvolvimento urbano e, em certos casos, tais locais foram subsequentemente urbanizados (i.e. Campos do Jordão, Igrejinha, Santa Cruz do Sul, São Leopoldo, Joinville, Blumenau, Curitiba, Marechal Cândido Rondon, Rolândia etc.). No entanto, também contribuíram consideravelmente na construção e identidade de capitais do sul do país, como Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba.

A origem dos imigrantes teutos não era a mesma Alemanha de hoje. O país encontrava-se dividido em diferentes "Estados" independentes ou semi-dependentes. A maior parte dos imigrantes da Europa central era da região do Hunsrück e de regiões cercanas. . Em termos gerais, com o passar do tempo, o dialeto adotado pela maioria dos imigrantes da Europa germânica estabelecidos no Brasil e seus descendentes veio a ser o alemão-padrão, o hunsrückisch ou o pomerano. Não é fora do comum, na atualidade, se encontrarem pessoas que falam o hunsrückisch fluentemente, mesmo como língua materna, embora seus sobrenomes sejam de origem italiana, francesa, dinamarquesa, neerlandesa, polonesa ou mesmo portuguesa.

Ainda hoje um número considerável de pessoas usam o hunsrückisch em seus lares, em eventos comunitários, mas especialmente nos espaços rurais. A razão principal do declínio do uso do idioma alemão no sul do Brasil e o seu recuo para ambientes privados e rurais foi o Estado Novo de Getúlio Vargas, que criminalizou o uso de línguas minoritárias não só em público como no lar. Livros no idioma germânico chegaram a ser queimados em alguns lugares. O mesmo ocorreu com os ítalo-brasileiros, mas o talian, também chamado de vêneto (por causa das fortes similaridades com este dialeto italiano), sobreviveu e hoje procura-se resgatar essa riqueza cultural regional brasileira.


Ortografia[editar | editar código-fonte]

Não existe um padrão ortográfico comum aceito por todos os falantes do hunsrückisch sul-americano. Os que conhecem o alemão-padrão, tentam usar as convenções do mesmo para escrever o hunsrückisch, tendo como resultado uma falta de padronização da escrita.

Outros, baseados principalmente no trabalho da linguista alemã Dr. Ursula Wiesemann, utilizam-se de uma escrita baseada na ortografia portuguesa e portanto de fácil assimilação, mas que é rejeitada pelos que prefeririam uma ortografia baseada no alemão-padrão da Alemanha.


Ortografia proposta pela Dr. Ursula Wiesemann

Vogais Curtas

a
ë ("e" curto)
e (ə, uma vogal curta e não-acentuada)
i
o
u

Vogais Longas

aa (pronunciado "óó" em algumas variações do Hunsrükisch)
ee
ii
oo
uu

Ditongos

ay ëy oy uy

"t´s", "p´s" e "k´s" fracos e fortes

"t" como em "ti" (a) "te" (o) "tas" (isto)etc.
"th" (aspirado, forte) como em "thee" (chá), "Thich" (mesa) etc.
"p" (fraco, não-aspirado) como em "proot" (pão), "Prasil" (Brasil) etc.
"ph" (forte, aspirado) como em "phur" (puro), "phan" (frigideira) etc.
"k" (fraco, não-aspirado) como em "kaul" (cavalo), "kexënk" (presente) etc.
"kh" (forte, aspirado) coo em "khuu" (vaca), "khich" (cozinha) etc.

Demais consoantes

f- como em português
h- como em inglês e alemão
j- como em "janela"
l- como em alemão
m - como em português
n -como em português, mas sem nasalização
r - como em espanhol
s - como em "saco", "saci", "louça"
x - como em "xícara"
w- como o "v" português
y - como em inglês, e o como o "j" alemão

Combinações de Consoantes

ch - como no alemão "Bach", "Buch", "ich", "Milch"
ng - como no inglês "song"

fonte: http://www.sil.org/americas/brasil/publcns/ling/Hunsrik.pdf

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]