Língua alemã

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Alemão (Deutsch)
Pronúncia: /dɔʏ̯tʃ/
Falado em: Alemanha, Áustria, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Liechtenstein, Itália, Namíbia e 36 outros países.
Total de falantes: cerca de 180 milhões (cerca de 100 milhões como língua materna)[1] [2]
Posição: 9
Família: Indo-europeia
 Germânico
  Ocidental
   Médio alemão
    Alemão
Escrita: Alfabeto latino
Estatuto oficial
Língua oficial de: Alemanha, Áustria, Liechtenstein, Bélgica, Suíça, Luxemburgo e na União Europeia.
Língua oficial local ou regional em: Dinamarca, Polônia, Itália (Trentino-Alto Ádige), Brasil (colônias alemãs no Sul), Eslováquia (Krahule); língua oficial da Namíbia até 1990, depois língua oficial regional; língua oficial da Guarda Suíça no Vaticano.
Códigos de língua
ISO 639-1: de
ISO 639-2: ger (B) deu (T)
ISO 639-3: deu

A língua alemã (deutsche Sprache) ou alemão (Deutsch) é uma língua indo-europeia do grupo ocidental das línguas germânicas. A língua alemã é a língua com o maior número de falantes na União Europeia e a segunda maior na Europa depois do russo. A versão oficial, estandardizada, do alemão é o alemão padrão/escrito (Standarddeutsch/Schriftdeutsch, também chamado de "Hochdeutsch"), mas a língua é também falada, embora menos escrita, sob a forma de numerosos dialectos.

Difusão[editar | editar código-fonte]

O alemão é falado principalmente na Alemanha, Áustria, Liechtenstein, na maior parte da Suíça (ver suíço-alemão), em Luxemburgo, na região italiana do Tirol Meridional, no voivodato polaco de Opole (Oppeln), em algumas comunas dos cantões orientais da Bélgica, em partes da Roménia, nas regiões francesas da Alsácia (Elsass) e Lorena (Lothringen) bem como numa pequena área no sul da Dinamarca.

Adicionalmente, a antiga possessão colonial alemã da Namíbia tem ainda um certo número de pessoas de língua alemã, e existem minorias de língua alemã em vários países da Europa Oriental, incluindo Rússia, Hungria, República Checa, Eslováquia, Polônia, Romênia, Lituânia, e a Eslovênia.

O alemão também é falado na América do Sul, em certas regiões do sul do Chile, em algumas comunidades da Argentina e do Paraguai mas principalmente em certas porções do Brasil, na área meridional (isto é, nos estados de Rio Grande do Sul e de Santa Catarina), no Espírito Santo e em comunidades mais restritas no Paraná e São Paulo.

Na América do Norte os Amish, alguns menonitas entre outros grupos também falam uma forma ou outra do alemão. Por exemplo, em cidades como Leavenworth, Washington e em várias localidades do Texas e da região central dos Estados Unidos.

Vale notar que o alemão clássico é muito difundido nos meios intelectuais e acadêmicos deste país. A língua alemã também é uma das preferidas por estudantes secundários e universitários. Cerca de 100 milhões de pessoas, ou um quarto dos europeus, têm o alemão como língua materna.

É também a língua materna de grandes músicos (Mozart, Bach, Bach (filho), Beethoven, Händel, Wagner, Mendelssohn, Liszt, Haydn, Schubert, Strauss (pai), Strauss (filho), Brahms, Schumann, Mahler, Orff etc), escritores (Goethe, Schiller, Thomas Mann, Heinrich Mann, Brecht, Hölderlin, Hesse, Heine, Büchner, Grass, Böll, Handke, Tucholsky, Rilke, Jelinek, Müller etc) e físicos, matemáticos, químicos, psicanalistas, biólogos, sociólogos e filósofos/pensadores (Einstein, Planck, Wegener, Röntgen, Mendel, Herschel, Diesel, Schrödinger, Gauss, Boltzmann, Braun, Hahn, Ohm, Lilienthal, Otto, Fraunhofer, Hertz, Zeppelin, Riemann, Hilbert, Wöhler, Heidegger, Spengler, Ehrlich, Bloch, Schweitzer, Koch, Humboldt, Marx, Kant, Lessing, Schopenhauer, Engels, Freud, Rorschach, Cassirer, Mannheim, Hegel, Häckel, Carl Gustav Jung, Benjamin, Wittgenstein, Husserl, Dilthey, Nietzsche, Haber, Fichte, Weber, Leibniz, Popper, Watzlawick, Habermas, Luhmann, Simmel, Tönnies, Adorno, Marcuse, Elias, Horkheimer, Arendt, Schelsky, Berger, Luckmann, Sombart, Beck etc).

História[editar | editar código-fonte]

Os dialetos sujeitos à segunda mutação consonântica germânica durante a Idade Média são considerados parte da língua alemã moderna.

Como consequência dos padrões de colonização, da migração dos povos ou Völkerwanderung, das rotas de comércio e de comunicação (principalmente os rios) e do isolamento físico (montanhas íngremes e florestas escuras), desenvolveram-se dialetos regionais muito distintos.

Esses dialetos, muitas vezes mutuamente incompreensíveis, foram utilizados por todo o Sacro Império Romano-Germânico. Como a Alemanha estava dividida em muitos Estados distintos, não havia uma força unificadora ou uma padronização alemã até que Martinho Lutero traduziu a Bíblia (o Novo Testamento em 1521 e o Velho Testamento em 1534). Graças à tecnologia inventada pelo compatriota de Lutero, Johannes Gutenberg, a difusão da língua estandardizada foi muito facilitada (ver Revolução da Imprensa).

A variedade regional (dialeto) na qual Martinho Lutero traduziu a Bíblia hoje em dia é considerada o modelo sobre o qual foi construído o alemão padrão clássico ou Hochdeutsch. Hoch, "alto" e Deutsch significa "alemão clássico", e não alto-alemão. Quase todo material utilizado pelas empresas de comunicação e quase todo material impresso é produzido principalmente nessa variedade ou dialeto oficial alemão. O alemão clássico é compreendido por todo o país, mas todas as regiões possuem seus distintos dialetos.

O primeiro dicionário dos Irmãos Grimm, ou Gebrüder Grimm, do qual dezesseis partes foram lançadas entre 1852 e 1960, permanece como o guia mais compreensivo das palavras do idioma alemão. Em 1860, regras gramaticais e ortográficas apareceram pela primeira vez no Duden Handbuch. Em 1901, o Duden foi declarado o padrão definitivo do idioma alemão, em relação a esses assuntos linguísticos. Somente em 1998, algumas dessas regras foram oficialmente revisadas.

Classificação[editar | editar código-fonte]

O alemão é um membro do ramo ocidental da subfamília das línguas germânicas, que faz parte da família das Línguas indo-europeias.

Língua oficial[editar | editar código-fonte]

Conhecimento de alemão nos países da União Europeia.

O alemão é a única língua oficial na Alemanha, Liechtenstein e Áustria. É língua co-oficial na Bélgica (com francês e neerlandês), Luxemburgo (com francês e luxemburguês), Suíça (com francês, italiano e romanche), na Itália (no Tirol Meridional), em Sopron (com a língua húngara), em Voivodia de Opole (com a língua polaca) e em Antônio Carlos, município de Santa Catarina (Brasil), há um projeto de lei municipal tentando tornar a língua alemã co-oficial com a língua portuguesa.[3] É uma das 21 línguas oficiais da União Europeia, assim como uma das três línguas de trabalho da Comissão Europeia (com o francês e o inglês).

Língua minoritária[editar | editar código-fonte]

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É também uma língua minoritária na Dinamarca, França, Rússia, Tajiquistão, Brasil, Polónia, Roménia, Togo, Camarões, Estados Unidos, Namíbia, Paraguai, Hungria, República Checa, Eslováquia, Países Baixos, Eslovénia, Ucrânia, Croácia, África do Sul, Moldova, Austrália, Letónia, Estónia e Lituânia.

O alemão já foi a língua franca das Europas central, ocidental e do norte. As duas guerras mundiais, na primeira metade do século XX, diminuíram pela metade o território alemão, consequentemente diminuindo a população que falava o alemão como língua nativa. O alemão permanece como uma das mais fortes e populares línguas estrangeiras ensinadas pelo mundo. O alemão é a língua mais falada na União Europeia, mas a maioria são falantes nativos. O idioma estrangeiro mais popular na União Europeia, depois do inglês, ainda é o francês[carece de fontes?]. Tendo perdido mais ou menos um terço dos seus territórios originais nas duas guerras mundiais, ainda existem comunidades minoritárias germano-falantes em várias regiões da Europa, como Polônia, França, Países Baixos, Bélgica, Dinamarca, Lituânia, Kaliningrado (antigo Königsberg alemão), Eslováquia e Ucrânia.

Dialetos[editar | editar código-fonte]

O termo Deutsch, "alemão", é usado para diversos dialetos da Alemanha, nos países circunvizinhos e na América do Norte e na América do Sul, por exemplo, no Brasil (Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), na Argentina, Chile e Paraguai, entre outros países da América do Sul.

Os dialetos da Alemanha são geralmente divididos em baixo-alemão, médio-alemão e alto-alemão. Nem todos os dialetos alemães são mutuamente inteligíveis.

Os dialetos do baixo-alemão ou baixo-saxão, como são algumas vezes mais conhecidos, são mais próximos dos dialetos Baixo-Francônicos, como o neerlandês, do que dos dialetos do alto alemão e, por uma perspectiva linguística, não são parte da língua alemã oficial.

Os dialetos do alto-alemão, falados por comunidades germânicas nos antigos países da União Soviética e pelos judeus asquenazes, têm várias características únicas e são geralmente considerados uma língua separada: o iídiche.

Existem também dialetos distintos do Alemão que são ou foram falados na América, incluindo o alemão da Pensilvânia, o alemão colonieiro, o alemão do Texas, o Hutterite German, e o Riograndenser Hunsrückisch (Hunsrückisch), falado em toda a região sul do (Brasil), no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e mesmo em grande parte de São Paulo, Argentina, Paraguai e Uruguai que fazem fronteira com o sul do Brasil.

Os modernos dialetos do alemão oficial são divididos em médio-alemão e alto-alemão. O alemão padrão é um dialeto do médio-alemão, enquanto as variantes austríacas e suíças fazem parte do alto-alemão.

É fundamental ressaltar que as palavras "alto-", "médio-" e "baixo-" em relação ao idioma alemão se referem às regiões demográficas ocupadas pelos povos germânicos, sendo que mais ao norte encontram-se as regiões mais baixas, planas e quase ao nível do mar; já as regiões mais ao sul correspondem aos Alpes e às regiões mais altas e montanhosas. No sul do Brasil, frequentemente, as pessoas imaginam que os falares dialetais germânicos locais têm palavras como Platt ("plano" ou "baixo") associadas aos seus nomes por sua língua ser de qualidade inferior e indesejável no universo dos idiomas.

No Brasil[editar | editar código-fonte]

Localidades em Espírito Santo onde o alemão é co-oficial

Há quem argumente que o alemão falado no Brasil é de fato um regionalismo brasileiro e não simplesmente uma língua estrangeira (sendo que o mesmo argumento poderia ser feito referente ao talian, um dialeto ítalo-brasileiro com raízes no língua vêneta e que é falado nas regiões vinícolas do Rio Grande do Sul).

Cidades como Pomerode,[4] [5] Jaraguá do Sul, Brusque, Teutônia, Rolândia, Marechal Cândido Rondon, Santa Cruz do Sul são apenas alguns exemplos de localidades onde se pratica a língua alemã. Todavia, muitos teuto-falantes também moram no campo e estão ligados à agricultura. As estimativas atuais afirmam que 200 mil brasileiros possuem o alemão como língua materna.[6] Os dois dialetos do alemão mais difundidos no Brasil são o hunsriqueano rio-grandense ou (Riograndenser Hunsrückisch) e o pomerano (Pommersch/Pommeranisch). O Hunsrückisch original é um dialeto falado na Alemanha e classificado como um dos dialetos que formam o grupo Moselfränkisch, falado na Renânia-Palatinado (Rheinland-Pfalz).

Já o pomerano (Pommersch/Pommeranisch) é preservado na região montanhosa do Espírito Santo e interior de Rondônia por meio da colonização capixaba na região (o dialeto não deve ser confundido com o idioma cassúbio, um idioma eslavo que partilha o mesmo nome); as primeiras migrações alemãs no Brasil foram em direção às colônias lá localizadas, e havia dois grupos que muitas vezes chegaram a rivalizar: os Pomeranos e os Baixo-Alemães. Com o tempo o governo capixaba designa a educação destas localidades ao governo alemão, que envia professores de lá, assim o baixo alemão passa a ser ensinado nas escolas; o pomerano passaria a ser uma língua mais falada que escrita, até hoje muitos habitantes de lá falam ambos os dialetos mas escrevem apenas o baixo-saxão. Em 1975 as escolas são definitivamente em português, e muitas cidades passam a ter o alemão como língua minoritária. É comum encontrar falantes de ambos os dialetos, mas que sabem escrever apenas o baixo saxão; hoje muitos sabem escrever apenas o português. Nos últimos anos o governo do Espírito Santo incentiva o ensino do pomerano nas escolas locais. Embora até hoje quase todas as famílias pomeranas falem a língua materna, as falantes do baixo saxão estão perdendo suas tradições. É comum encontrar placas de trânsito escritas em alemão em cidades como Santa Maria de Jetibá na Serra Capixaba. Muitas rádios locais destinam parte de sua programação, especialmente nos finais de semana (quando os agricultores estão em casa), para a língua alemã de dialeto pomerano nestas cidades capixabas.

Vale lembrar que ambos os dialetos são provenientes de regiões da Europa onde surgiram originalmente.

Muitos imigrantes de outras regiões da Alemanha que iam para o sul acabavam adotando o Riograndenser Hunsrückisch no Brasil, depois de uma ou mais gerações. O idioma alemão do Brasil é mantido principalmente no lar, nas comunidades e, desde a II Guerra Mundial, passou a ser mais uma língua falada do que escrita, sendo que a língua portuguesa tomou o seu lugar nas escolas e na imprensa.

A expansão nacional dos meios de comunicação e dos transportes também contribui muito para o declínio do alemão do Brasil. Se a história e, mais tarde, a modernização serviram para desvalorizar este regionalismo, a Internet hoje em dia, supremo meio de comunicação, vem permitir àqueles/as interessados/as aperfeiçoarem seus conhecimentos linguísticos de forma sem precedentes.

No ano de 2004, comemoraram-se os 180 anos da imigração e do regionalismo teuto-brasileiro. Note-se que a maioria dos teuto-brasileiros que é bilíngue somente fala o dialeto com as pessoas mais próximas e, portanto, o dialeto passa despercebido na maioria dos casos.

Também foi aprovada em agosto de 2011 a PEC 11/2009, emenda constitucional que inclui no artigo 182 da Constituição Estadual a língua pomerana, juntamente com a língua alemã, como patrimônios culturais do Espírito Santo.[7] [8] [9] [10]

Gramática[editar | editar código-fonte]

Sistema de escrita[editar | editar código-fonte]

O alemão é escrito utilizando o alfabeto latino. Além das 26 letras padrão, possui três vogais com Umlaut (ä, ö e ü) mais a consoante eszett ou scharfes es ("ß"). A forma do ß lembra a do beta grego, mas a pronúncia é a mesma do "ss". Esse som pode ser escrito tanto com essa letra como com "ss": Straße e essen. Segundo a ortografia nova do alemão, o ß é usado depois de uma vogal estendida ("Straße") e o ss é usado depois de uma vogal curta ("essen").

Existe também a escrita do alemão gótico, um alfabeto que entrou em declínio na Primeira Guerra Mundial, e cai por definitivo ao fim da Segunda Guerra Mundial. Hoje é muito raro encontrar quem saiba ler, e muito menos escrever, este alfabeto; os poucos com tal aptidão são em geral pessoas que foram alfabetizadas até o entre-guerras.

Nomes da língua alemã em outras línguas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Wikilivros
O Wikilivros tem um livro chamado Alemão
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Provérbios alemães
Commons
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Referências

  1. SIL Ethnologue (2006). 95 milhões de alemão padrão; 105 milhões incluindo dialetos de alto e médio alemão; 120 milhões incluindo baixo saxão e ídiche.
  2. National Geographic. National Geographic Collegiate Atlas of the World. Willard, Ohio: R.R Donnelley & Sons Company, April-2006. 257–270 p. ISBN Regular:0-7922-3662-9, 978-0-7922-3662-7. Deluxe:0-7922-7976-X, 978-0-7922-7976-1
  3. Cooficialização da língua alemã em Antônio Carlos
  4. Pomerode institui língua alemã como co-oficial no Município.
  5. Patrimônio - Língua alemã
  6. Título ainda não informado (favor adicionar).
  7. O povo pomerano no ES
  8. Plenário aprova em segundo turno a PEC do patrimônio
  9. Emenda Constitucional na Íntegra
  10. ALEES - PEC que trata do patrimônio cultural retorna ao Plenário

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Em português e alemão[editar | editar código-fonte]