Ulysses Guimarães

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
NoFonti.svg
Esta página ou secção cita fontes confiáveis e independentes, mas que não cobrem todo o conteúdo (desde outubro de 2012). Por favor, adicione mais referências e insira-as corretamente no texto ou no rodapé. Material sem fontes poderá ser removido.
Encontre fontes: Google (notícias, livros e acadêmico)
Ulysses Guimarães
Ulysses em 1984, na campanha Diretas-Já
Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil
Período 1.º - 2 de fevereiro de 1956
a 2 de fevereiro de 1958
2.º - 2 de fevereiro de 1985
a 2 de fevereiro de 1989
Antecessor(a) Flores da Cunha (1.º)
Flávio Portela Marcílio (2.º)
Sucessor(a) Ranieri Mazzilli (1.º)
Antônio Paes de Andrade (2.º)
Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil Brasil
Período 8 de setembro de 1961
até 18 de setembro de 1962
Antecessor(a) Artur Bernardes Filho
Sucessor(a) Otávio Augusto Dias Carneiro
Vida
Nascimento 6 de outubro de 1916
Itirapina São Paulo
Morte 12 de outubro de 1992 (76 anos)
Angra dos Reis Rio de Janeiro
Dados pessoais
Cônjuge Mora Guimarães
Partido PSD (1947-1965), MDB (1965-1979), PMDB (1979-1992)
Profissão advogado e professor

Ulysses Silveira Guimarães (Itaqueri da Serra, Itirapina,[1] 6 de outubro de 1916Angra dos Reis, 12 de outubro de 1992) foi um político e advogado brasileiro e opositor à ditadura militar. Morreu em um acidente aéreo de helicóptero no litoral ao largo de Angra dos Reis, sul do estado do Rio de Janeiro.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Infância e juventude[editar | editar código-fonte]

Ulysses Silveira Guimarães nasceu na vila de Itaqueri da Serra, hoje distrito do município de Itirapina, que na época era parte do município de Rio Claro, no interior paulista. Filho de Ataliba Silveira Guimarães e de dona Amélia Correa Fontes, foi casado com dona Ida de Almeida Guimarães que na época viúva já tinha dois filhos pequenos, Tito Enrique e Celina Ida.

Teve uma vida acadêmica ativa, participando do Centro Acadêmico XI de Agosto e exercendo a vice-presidência da União Nacional de Estudantes (UNE). Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Vida profissional[editar | editar código-fonte]

Foi professor durante vários anos na Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, onde veio a se tornar professor titular de Direito Internacional Público. Lecionou ainda Direito Municipal na Faculdade de Direito de Itu, e Direito Constitucional na Instituição Toledo de Ensino em Bauru, onde também atuou como diretor desta instituição.

Exerceu profissionalmente a advocacia, especializando-se em Direito Tributário.

No Santos Futebol Clube, Ulysses Guimarães se associou em 10 de janeiro de 1941. Em 1942, foi nomeado diretor-presidente da subsede em São Paulo do clube, cargo que voltou a ocupar em 1945.

Foi eleito deputado estadual, por São Paulo, à Constituinte de 1947, na legenda do Partido Social Democrático (PSD). A partir deste momento, não deixaria mais a política, elegendo-se deputado federal pelo Estado, por onze mandatos consecutivos, de 1951 a 1995 (não tendo terminado o último mandato). O primeiro discurso político ocorreu na década de 1940, à sombra de uma figueira no Distrito de Itaqueri da Serra, município de Itirapina, Estado de São Paulo, sua verdadeira terra natal, já que na época do nascimento todas as pessoas lá nascidas eram registradas em Rio Claro, que era então a sede do município.[2] Ainda hoje, ao chegarmos em Itaqueri da Serra, deparamo-nos com diversos parentes e inesquecíveis histórias do Dr. Ulysses, como era carinhosamente chamado.

Assumiu a pasta do Ministério da Indústria e Comércio no gabinete Tancredo Neves, durante a curta experiência parlamentarista brasileira (1961-1962).

Apoiou, inicialmente, o golpe contra João Goulart, tendo inclusive participado da polêmica Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo, mas logo passou à oposição. Com a instauração do bipartidarismo (1965), filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do qual seria vice-presidente e, depois, presidente.

Foi presidente do Parlamento Latino-Americano, de 1967 a 1970.

Luta pela abertura política[editar | editar código-fonte]

Em 1973, lançou sua anticandidatura simbólica à Presidência da República como forma de repúdio ao regime militar,[2] tendo como vice o jornalista e ex-governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho.

Em 29 de novembro de 1976, no Plenário Tiradentes da Assembleia Legislativa de São Paulo, fundou a O.P.B. - Ordem dos Parlamentares do Brasil, uma Associação de Classe, sem vínculos partidários, religiosos ou sociais, da qual é Patrono.

À frente do partido, participou de todas as campanhas pelo retorno do país à democracia, inclusive a luta pela anistia ampla, geral e irrestrita. Com o fim do bipartidarismo (1979), o MDB converteu-se em Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do qual seria presidente nacional.

Ativismo político[editar | editar código-fonte]

Ulysses Guimarães defendendo no plenário da Câmara a redemocratização do Brasil.

Com Tancredo Neves, Orestes Quércia, Mario Covas, Fernando Henrique Cardoso, Luis Inácio Lula da Silva e Franco Montoro, Ulysses liderou novas campanhas pela redemocratização, como a das eleições diretas, popularmente conhecidas pelo slogan Diretas Já.

Ulysses Guimarães quase foi o candidato a presidente da República em 1985 pelo PMDB, quando as eleições foram realizadas no colégio eleitoral. As articulações políticas da época acabaram levando à eleição de uma chapa "mista", com Tancredo Neves como candidato a presidente pelo PMDB e o candidato a vice José Sarney, do PFL

Ulysses segurando uma cópia da Constituição de 1988.

Exerceu a presidência da Câmara dos Deputados em três períodos (1956-1957, 1985-1986 e 1987-1988); presidindo a Assembleia Nacional Constituinte, em 1987-1988.[2] A nova Constituição, na qual Ulysses teve papel fundamental, enfim foi aprovada em 5 de outubro de 1988, tendo sido por ele chamada de Constituição Cidadã, pelos avanços sociais que incorporou no documento.

Ulysses em frente ao Congresso Nacional.

No ano de 1986, esteve pela última vez em Itaqueri da Serra, inaugurando o asfaltamento da rodovia vicinal que leva seu nome, ligando as cidades de Itirapina a São Pedro, prestigiando pessoalmente aquela conquista, um objetivo do então prefeito de Itirapina, João Gobbo e da então vereadora Maria Ângela de Oliveira Leite.

Em 1º de fevereiro de 1987, tomou posse como presidente da Assembleia Nacional Constituinte, responsável por estabelecer nova Constituição democrática para o Brasil após 21 anos sob regime militar.

Como presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses era o substituto do Presidente Sarney e assumiu várias vezes a presidência, sendo o primeiro paulista a fazê-lo desde que Ranieri Mazzilli assumira a presidência em 1964.

Devido à sua grande popularidade, candidatou-se à Presidência da República, na sigla do PMDB, nas eleições de 1989.

Os acervos do Conselho Nacional de Segurança, da Comissão Geral de Investigações (CGI) e do próprio Serviço Nacional de Informações (SNI), revelam que o então deputado Ulysses Guimarães foi alvo de investigação, mesmo no período de redemocratização do país, enquanto dirigia a Câmara e a Assembleia Nacional Constituinte e o PMDB. A avaliação registrada em 1987, afirmava que Ulysses poderia causar crise partidária entre os aliados. Um dos fatos descritos em documentos de março de 1987 é o início das negociações para a indicação do líder do partido na Constituinte sendo um dos candidatos Mário Covas, que contava com a simpatia do SNI, mas não de Ulysses.[3]

Em 1989, como candidato a presidente do Brasil recebeu 4,4% de votos. Em 1990, foi reeleito deputado. Ulysses também não disputou a presidência da Câmara e perdeu a presidência do PMDB para Orestes Quércia. Seu prestígio foi retomado em 1992, durante o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Ulysses foi um dos responsáveis por um dos principais golpes sofridos por Collor. Pedia abertamente que a votação do impeachment no Congresso não fosse secreta.[4]

Morte[editar | editar código-fonte]

Morreu em acidente aéreo de helicóptero, ao largo de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1992, junto à esposa D. Mora, o ex-senador Severo Gomes, a esposa deste e o piloto.[2] O corpo de Ulysses foi o único que nunca foi encontrado.

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • Vida Exemplar de Prudente de Morais, 1940
  • Navegar é preciso, Viver não é preciso, 1973
  • Socialização do Direito, 1978
  • Esperança e Mudança, 1982
  • Tentativa, 1983
  • Diretas Já, 1984
  • PT Saudações, 1988
  • Da Fé fiz Companheira, 1989
  • Ou Mudamos ou seremos Mudados, 1991
  • Parlamentarismo – Além de ser mais forte, substitui um regime fraco, fevereiro de 1992.

Em 22 de junho de 1992 apresentou a Pl nº 2938 que posteriormente foi sancionada como a lei nº 8.906/1994, criando assim o Estatuto e Código de Ética e Disciplina da OAB, o que gerou o Exame de Ordem como obrigatório para os quadros da advocacia.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Na época, pertencente a Rio Claro.
  2. a b c d e Bárbara Forte. Morte de Ulysses Guimarães completa 20 anos (em português) Band - Notícias Band.com. Visitado em 12 de outubro de 2012.
  3. Edson Luiz (09 de setembro de 2012). Relatórios secretos revelam que SNI espionou o "aliado" Ulysses Correio Braziliense.
  4. "Saiba mais sobre Ulysses Guimarães, defensor das Diretas e presidente da Constituinte" Folha de S.Paulo. Visitado em 31 de Janeiro de 2014.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Ulysses Guimarães
Precedido por
Flores da Cunha
Presidente da Câmara dos Deputados
1956 — 1958
Sucedido por
Ranieri Mazzilli
Precedido por
Artur Bernardes Filho
Ministro da Indústria e Comércio do Brasil
1961 — 1962
Sucedido por
Otávio Augusto Dias Carneiro
Precedido por
Flávio Marcílio
Presidente da Câmara dos Deputados
1985 — 1989
Sucedido por
Antônio Pais de Andrade