Myanmar

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(Pyidaunzu Thanmăda Myăma Nainngandaw)

República da União de Myanmar
Bandeira de Myanmar
Brasão de Armas
Bandeira Brasão de armas
Hino nacional: Kaba Ma Kyei
("Até o fim do mundo")
Gentílico: Birmanês, birmã, birmane, birmano, birmaniano, birmanense, mianmarense

Localização  Mianmar, Mianmá, Birmânia

Capital Naypyidaw
19° 45′N 96° 12′E
Cidade mais populosa Yangon
Língua oficial Birmanês
Governo República presidencialista
 - Presidente[1] Thein Sein
 - Vice-presidentes Sai Mauk Kham
Nyan Tun
Independência do Reino Unido 
 - Data 4 de janeiro de 1948 
 - República 4 de janeiro de 1948 
Área  
 - Total 676.578 km² (39.º)
 - Água (%) 3,06
 Fronteira Bangladesh, Índia, República Popular da China, Laos e Tailândia
População  
 - Estimativa de 2014 51 486 253[2] hab. 
 - Censo 1983 33 234 000 hab. 
 - Densidade 76 hab./km² (119.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2014
 - Total US$ 244,331 bilhões*[3]  
 - Per capita US$ 4 751[3]  
PIB (nominal) Estimativa de 2014
 - Total US$ 65,291 bilhões*[3]  
 - Per capita US$ 1 269[3]  
IDH (2013) 0,524 (150.º) – baixo[4]
Moeda Quiat (mmK)
Fuso horário MMT (UTC+6:30)
Org. internacionais ONU, OMC, ASEAN
Cód. ISO MMR
Cód. Internet .mm
Cód. telef. +95

Mapa  Mianmar, Mianmá, Birmânia

Myanmar[nota 1] ou Birmânia, oficialmente República da União de Myanmar (em birmanês: Myanmar long form.svg; pronunciado: [pjìdà̀uɴzṵ θà̀ɴməda̯ mjəmà nàiɴŋàɴdɔ̀]), é um país do sul da Ásia continental limitado ao norte e nordeste pela China, a leste pelo Laos, a sudeste pela Tailândia, ao sul pelo Mar de Andamão e pelo Canal do Coco, a oeste pelo Golfo de Bengala e a noroeste por Bangladesh e pela Índia. Em 2006, a capital do país foi transferida de Rangum para Naypyidaw.

Myanmar tornou-se independente do Reino Unido em 4 de janeiro de 1948, com o nome oficial de União da Birmânia, designação que voltou a adotar após um período como "República Socialista da União da Birmânia" (4 de janeiro de 1974 a 23 de setembro de 1988). Em 18 de junho de 1989, o regime militar birmanês anunciou que o nome oficial do país passaria a ser União de Myanmar. A nova designação foi reconhecida pelas Nações Unidas e pela União Europeia, mas não pelos governos dos Estados Unidos e Reino Unido[5] . Conforme a Constituição de 2009, o nome do país mudou para “República da União de Myanmar”, medida implementada em 21 de outubro de 2010[6] .

A diversa população birmanesa teve papel fundamental para definir a política, história e demografia do país nos tempos modernos. Seu sistema político é hoje mantido sob controle estrito do Conselho de Estado para a Paz e Desenvolvimento — o governo militar chefiado, desde 1992, pelo general Than Shwe. As forças armadas birmanesas controlam o governo desde que o general Ne Win desfechou um golpe de Estado em 1962 para derrubar o governo civil de U Nu. Integrante do Império Britânico até 1948, Myanmar continua a enfrentar tensões étnicas. A cultura do país baseia-se no budismo teravada influenciado por elementos locais.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Os nomes "Myanmar" e "Birmânia" possuem a mesma origem etimológica[5] . O termo português "Birmânia" vem do nome local Bam-mā, por intermédio do francês Birmanie, este uma adaptação das formas antigas inglesas Birman, Birma. Bam-mā, por sua vez, é uma das formas pelas quais a população local se refere ao país, juntamente com o nome vernáculo Maran-mā ou Mranmâ[7] .

O termo em língua birmanesa ´mijanmaːɐ (originalmente transliterado em português como Maran-mā ou Mranmâ) é a forma literária, escrita, para o país, enquanto que Bam-mā é a forma coloquial, oral. Ambas são empregadas pela população do país[5] e, no birmanês oral, a distinção entre as duas é menos clara do que sugere a transliteração.

Em 1989, a junta militar alterou oficialmente a versão em inglês do nome do país (de Burma para Myanmar) e de diversas cidades, como Rangum (de Rangoon para Yangon). O nome oficial em língua birmanesa (´mijanmaːɐ) não foi alterado.

A renomeação é politicamente controversa[8] , pois grupos birmaneses de oposição ao regime militar continuam a empregar o termo "Birmânia", já que não reconhecem a legitimidade do atual governo nem a sua autoridade para alterar o nome do país. Alguns governos ocidentais, como os de Estados Unidos, Austrália, Canadá, Irlanda e Reino Unido, continuam a usar a forma inglesa Burma (correspondente ao português "Birmânia"). A União Europeia emprega a grafia "Mianmar" em português[9] , enquanto que as Nações Unidas empregam a forma Myanmar[10] .

Alguns órgãos da imprensa de língua inglesa ainda empregam a forma Burma ("Birmânia"), como a BBC e o Financial Times, enquanto que outros usam a alternativa Myanmar, como MSNBC, a Economist e o Wall Street Journal.

Em português, o jornal O Estado de S. Paulo emprega a forma "Mianmar" (que substituiu, em 4 de outubro de 2007, a alternativa Mianmá)[11] , prática hoje adotada pelos jornais Folha de S.Paulo[12] e O Globo,[13] dentre outros. O Dicionário Aurélio[14] preconiza apenas a grafia "Mianmar", enquanto que o Vocabulário da Academia Brasileira de Letras[15] admite as alternativas "Mianmar" e "Mianmá". O Dicionário Houaiss reconhece diferentes grafias, mas registra a forma "Myanmar" com mais frequência[16] . O governo brasileiro oscila entre o emprego das formas "Mianmar"[17] e "Myanmar",[18] embora mais recentemente pareça preferir a primeira grafia.[19] Ademais, algumas fontes em português usam a forma "Miamar".[20]

Os gentílicos tradicionalmente associados ao país são "birmanês",[11] [21] [22] birmã[23] [24] e "birmane"[25] , embora os dicionários Houaiss e Priberam e os Vocabulários da Porto Editora e da Academia Brasileira de Letras também registrem a alternativa "mianmarense". O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora, além dos anteriores, regista "birmanense", "birmaniano" e "birmano", além de "myanmense". Adicionalmente, o Vocabulário da Academia Brasileira de Letras apresenta ainda "bermá", "bermã" e "bermano", e os dicionários Priberam, Michaelis e Aulete registam "bramá".

História[editar | editar código-fonte]

Crê-se que o primeiro grupo étnico a migrar para o vale do baixo Irauádi foi o dos mons que, dominantes no sul da região na altura de 900 a.C., estiveram entre os primeiros no Sudeste da Ásia a adotar o budismo teravada. No século I a.C., seguiram-se os pyus, de língua tibetano-birmanesa, que fundaram diversas cidades-Estado no Irauádi central. O reino pyu foi dizimado no século IX pelo reino de Nan chao (na atual Yunnan).

Os birmanes ou bramás (atualmente a etnia principal de Myanmar) começaram a migrar do reino de Nan chao (Yunnan) para o vale do Irauádi a partir do século VII e, em 849, fundaram um pequeno reino com centro em Bagan. No reinado de Anawrahta (944-1077), a influência de Pagan expandiu-se para o território aproximado ao de Myanmar atual. Após conquistar a capital mon em 1057, os birmaneses adotaram o budismo teravada e desenvolveram a escrita birmanesa, baseada na escrita mon. Os reis de Pagan construíram muitos templos e pagodes no país, aproveitando-se da prosperidade trazida pelo comércio.

A ascendência de Pagan no vale do Irauádi chegou ao fim com a invasão mongol pelas forças de Cublai Cã, a partir de 1277; Pagan foi saqueada em 1287. Embora os mongóis não tenham permanecido no vale do Irauádi, o povo tai-shan, que os acompanhava, instalou-se na região. Sucedeu ao reino de Pagan um conjunto de pequenos Estados, em geral controlados por shans incorporados à cultura local, como os reinos de Ava e de Pegu. Em 1527, shans conquistaram a capital de Ava.

Com a ajuda de birmanes que haviam fugido de Ava, o pequeno reino birmane de Taungû derrotou o poderoso reino mon de Pegú, de modo a reunificar a Baixa Birmânia por volta de 1540. Posteriormente, veio a conquistar a Alta Birmânia (1555), Manipur (1556), Estados shans (1557), Chiang Mai (1557), o reino de Ayutthaya (1564, 1569) e o reino laosiano de Lan Xang (1574), assim controlando a maior parte da porção ocidental do Sudeste da Ásia. Com a morte do rei Bayinnaung em 1581, seu reino desmoronou. Os siameses de Ayutthaya expulsaram os birmaneses, enquanto que em 1599 forças da etnia arracanesa, ajudadas por mercenários portugueses, saquearam Pegu (agora capital do reino de Taungu). O principal mercenário português, Filipe de Brito e Nicote, revoltou-se contra seus mestres arracaneses e passou a controlar o que era então o mais importante porto da Birmânia, Sirião (hoje Thanlyin).

Os birmaneses, chefiados pelo rei Anaukpetlun (1605-1628), reorganizaram-se e derrotaram os portugueses em 1611. Anaukpetlun restabeleceu um reino de dimensões menores com base em Ava e que incluía a Alta e a Baixa Birmânias e os Estados shans (mas sem os arracaneses ou Taninthayi). O posterior declínio daquele reino assistiu a uma revolta bem-sucedida dos mons, a partir de 1740, com ajuda francesa e incentivo siamês; os mons conquistaram a Baixa Birmânia em 1747 e terminaram por extinguir a Casa de Taungu em 1752, com a queda de Ava.

O rei Alaungpaya (1752–1760) instituiu a dinastia Konbaung em Shwebo, em 1752, fundou Rangum em 1755 e, na altura de sua morte, havia reunificado o país. Os conflitos com a China Qing e os siameses na segunda metade do século XVIII não tiveram resultado decisivo, mas os birmaneses lograram conquistar os arracaneses a oeste, ademais de anexar formalmente Manipur em 1813.

Os birmaneses sufocaram uma revolta em Manipur em 1819 e naquele ano conquistaram o reino de Assã, até então independente. Tais aquisições estenderam o território birmanês até a Índia Britânica.

Época colonial (1824-1948)[editar | editar código-fonte]

Durante a Primeira Guerra Anglo-Birmanesa (1824-1826), os britânicos derrotaram as tropas do Império da Birmânia, resultando na cessão, por parte de Myanmar, de Assã, Manipur, Arracão e Tenassarim. A Segunda Guerra Anglo-Birmanesa, em 1852, durou três meses, após o que os britânicos anexaram as restantes províncias litorâneas: Irauádi, Rangum e Pegu, renomeadas Baixa Birmânia. Após o reinado do popular rei Mindon Min (1853–1878), fundador de Mandalay, os britânicos depuseram o fraco rei Thibaw Min (1878–1885), na Terceira Guerra Anglo-Birmanesa (na verdade, a simples tomada da capital Mandalay). A família real birmanesa foi exilada para a Índia. As Alta e Baixa Birmânias foram reunidas e administradas como uma única província da Índia Britânica.

Os britânicos construíram escolas, prisões e estradas de ferro. O ressentimento birmanês com a ocupação colonial manteve-se forte e ocasionalmente provocava distúrbios violentos. O descontentamento era provocado particularmente pelo que era visto como desrespeito à cultura e tradições birmanesas, como o uso de sapatos, pelos britânicos, ao entrar em templos e santuários budistas. O budismo passou a ser empregado como foco de resistência pelos birmaneses e os monges budistas tornaram-se a vanguarda do movimento pela independência.

Em 1 de abril de 1937,Myanmar passou a ser um território administrado separadamente da Índia Britânica.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Myanmar transformou-se numa das principais frentes de batalha do Teatro do Sudeste Asiático. A administração britânica desmoronou face ao avanço japonês e cerca de 300 000 refugiados cruzaram a selva para a Índia; apenas 30 000 chegaram com vida. A campanha militar japonesa expulsou os britânicos de Myanmar, mas o Reino Unido contra-atacou com tropas do exército indiano britânico e, na altura de 1945, havia retomado o país. Tropas autóctones lutaram nos dois lados da guerra.

República democrática (1948-1962)[editar | editar código-fonte]

Em 4 de janeiro de 1948, o país tornou-se uma república independente, fora da Commonwealth Britânica, com o nome oficial União da Birmânia. Sao Shwe Thaik assumiu a presidência e U Nu, o cargo de primeiro-ministro. Instituiu-se um parlamento bicameral. Em 1961, o birmanês U Thant foi eleito Secretário-Geral das Nações Unidas, o primeiro indivíduo não-ocidental a ocupar a chefia de uma organização internacional; ele permaneceria no cargo por dez anos.

Regime militar (1962-2011)[editar | editar código-fonte]

O regime democrático terminou em 1962, quando o general Ne Win comandou um golpe de Estado militar. Ele governou por quase 26 anos e suas políticas foram implementadas com o mote "o caminho birmanês para o socialismo". Em 1974, as forças armadas reprimiram com violência protestos contra o governo durante o funeral de U Thant.

Em 1988, a má gestão econômica e a repressão política provocaram manifestações pró-democracia generalizadas. As forças de seguranças sufocaram as manifestações com a morte de centenas de pessoas. O general Saw Maung chefiou um golpe de Estado e criou o Conselho de Estado para a Restauração da Lei e da Ordem (na prática, o governo do país). Em 1989, o Conselho declarou lei marcial para lidar com mais protestos e alterou o nome oficial do país em inglês para Union of Myanmar (adaptado em português como União de Myanmar - ver Etimologia e terminologia, acima).

Em maio de 1990, o governo promoveu eleições livres pela primeira vez em quase 30 anos. A Liga Nacional pela Democracia, partido de Aung San Suu Kyi, ganhou 392 dos 489 assentos da Assembleia Popular, mas os resultados foram anulados pelo Conselho, que se recusou a deixar o poder. Chefiado por Than Shwe desde 1992, o regime militar logrou negociar acordos de cessar-fogo com a maioria dos grupos de guerrilha étnica. Em 1997, o Conselho passou a ser denominado Conselho de Estado para a Paz e Desenvolvimento.

Em 23 de junho de 1997, Myanmar aderiu à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Em 27 de março de 2006, a junta militar transferiu a capital de Rangum para um local próximo a Pyinmana, dando-lhe o nome de Naypyidaw, que significa "cidade dos reis".

Em novembro de 2006, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) anunciou que procuraria processar na Corte Internacional de Justiça os membros da junta militar de Myanmar por crimes contra a humanidade, devido à prática de trabalho forçado de seus cidadãos. Em agosto de 2007, surgiram novos protestos pela democracia no país, chefiados por monges budistas e reprimidos com força pelo governo. Em 3 de maio de 2008, um devastador ciclone tropical atingiu o litoral do país e, segundo algumas estimativas, deixou pelo menos 134 000 mortos e desaparecidos,[26] e talvez um milhão de desabrigados.[27] De 1962 a 2011, o país estava sob regime militar e no processo tornou-se uma das nações menos desenvolvidas do mundo. A junta militar foi dissolvida em 2011 após uma eleição geral em 2010 e um governo civil instalado.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Geografia de Myanmar.

Com uma área total de 678 000 km², Myanmar é o maior país do sudeste da Ásia continental e o 39º maior do mundo. Seu território é um pouco maior do que a soma das áreas dos estados brasileiros de Minas Gerais e Santa Catarina, ou de Alemanha e Itália juntas (para fins de comparação, a superfície de Madagáscar é de 587.041 e a de Moçambique é de 801 590 km²).

A noroeste, limita com a divisão de Chittagong, do Bangladesh (fronteira de 193 km), e com os estados de Assã, Nagaland e Manipur, da Índia (1 463 km). A nordeste, faz fronteira com o Tibete e Yunnan, da China (2 185 km). A sudeste, é limítrofe com o Laos (235 km) e a Tailândia (1 800 km). Myanmar possui um litoral contínuo de 1 930 km, banhado pelo golfo de Bengala e pelo mar de Andamão. Suas fronteiras terrestres totalizam 5 876 km.

No norte, os montes Hengduan Shan formam a fronteira com a China. O Hkakabo Razi, localizado no estado de Kachin, é o ponto culminante de Myanmar, com 5 881 m. As três cordilheiras em território birmanês, a Rakhine Yoma, a Bago Yoma, e o planalto Shan, correm no sentido norte-sul a partir do Himalaia e dividem os três sistemas hidrográficos do país, os rios Irauádi, Thanlwin e Sittang. O primeiro é o rio mais longo de Myanmar, com quase 2 170 km de extensão, e em seu vale vive a maioria da população do país. Os vales entre as cordilheiras possuem planícies férteis.

Grande parte do território birmanês encontra-se entre o Trópico de Câncer e o Equador. O país localiza-se na região asiática das monções, o que faz com que suas regiões litorâneas recebam mais de 5 000 mm anuais de chuva. A precipitação na região do delta do Irauádi é de cerca de 2 500 mm, maior que a da zona seca da Birmânia central, com menos de 1 000 mm. As regiões setentrionais do país são as mais frias, com temperaturas médias de 21 °C. As regiões litorânea e do delta apresentam temperaturas médias de 32 °C.

O lento crescimento econômico birmanês contribuiu para a preservação de seu meio ambiente e ecossistemas. Mais de 49% do território do país são cobertos por florestas, que incluem teca, seringueira, acácia, bambu, mangues, coqueiro e palmeira de betel. No planalto ao norte, encontram-se carvalho, pinheiro e outras espécies de rododendros. As terras ao longo do litoral podem sustentar todas as variedades de frutas tropicais. Na zona seca, a vegetação é esparsa.

Estatísticas[editar | editar código-fonte]

Recursos naturais:
Petróleo, madeira, estanho, antimónio, zinco, cobre, tungsténio, chumbo, carvão, mármore, pedra de vários tipos, pedras preciosas, gás natural e energia hidroelétrica.

Uso do solo:
solo arável: 15%
cultura permanente: 1%
pastagem permanente: 1%
florestas e bosques: 49%
outros: 34% (est. 1993).

Solo irrigado:
10680 km² (est. 1993).

Acidentes naturais:
terremotos e ciclones; cheias e desabamento de terras muito comuns durante a época das chuvas (Junho / Setembro); secas periódicas.

Ambiente - problemas actuais:
desflorestação; poluição industrial; saneamento muito deficiente ou inadequado; doenças tropicais.

Demografia[editar | editar código-fonte]

Menina da etnia padaung, um dos muitos grupos étnicos de Myanmar.

A população de Myanmar é de cerca de 55 milhões de habitantes, uma estimativa grosseira, pois é baseada no censo parcial de 1983.[28] A densidade populacional de Myanmar é baixa, de 75 habitantes por km².

Há milhões de trabalhadores birmaneses na Tailândia (a maioria, imigrantes ilegais). As fronteiras indo-birmanesa, bangalo-birmanesa e tailando-birmanesa abrigam campos de refugiados, que também estão presentes na Malásia.

Quatro grandes famílias linguísticas estão presentes em Myanmar: a sino-tibetana, a austronésia, a tai-kadai e a indo-europeia. As línguas sino-tibetanas são as mais faladas e incluem o birmanês, o karen, o kachin, o chin e o chinês. A principal língua tai-kadai é o shan. Mon, palaung e wa são as principais línguas austroasiáticas. As duas maiores línguas indo-europeias são o páli, língua litúrgica do budismo teravada, e o inglês.

Myanmar apresenta grande diversidade étnica. Embora o governo reconheça 135 grupos étnicos diferentes, uma avaliação exata a esse respeito é considerada difícil. Há pelo menos 108 grupos etnolinguísticos distintos no país, principalmente tibeto-birmaneses. Estima-se que os birmanes formem 68% da população, seguidos dos shans (10%), kayin (7%), rakhine (4%), chineses étnicos (3%) e mons (2%). Outrora uma comunidade grande e influente, os anglo-birmaneses começaram a deixar o país a partir de 1958, restando hoje poucos em Myanmar.


Religião[editar | editar código-fonte]

Muitas religiões são praticadas em Myanmar. Há inúmeros edifícios religiosos e festivais são realizados em grande escala. As populações cristãs e muçulmanas, no entanto, enfrentam perseguição religiosa e é difícil, se não impossível, para os não-budistas juntarem-se ao exército ou obter empregos públicos.[29] Tal perseguição e segmentação de civis é particularmente notável na Birmânia Oriental, onde mais de 3000 aldeias foram destruídas nos últimos anos.[30] [31] [32] Mais de 200.000 muçulmanos fugiram para Bangladesh ao longo dos últimos 20 anos para escapar da perseguição.[33]

Cerca de 89% da população é adepta do budismo, principalmente o teravada. Outras religiões são praticadas em grande parte, sem obstrução, com a notável exceção de algumas minorias étnicas, como os muçulmanos Rohingya, que continuam a ter seu status de cidadania negado e são tratados como imigrantes ilegais,[34] e os cristãos no Estado de Chin.[35] 4% da população pratica o Islã; 4% o cristianismo; 1% crenças animistas tradicionais; e 2% seguem outras religiões, incluindo o budismo mahayana, o hinduísmo, religiões da Ásia Oriental e a fé bahá'í.[36] [37] [38] No entanto, de acordo com o relatório internacional de liberdade religiosa de 2010, do Departamento de Estado dos Estados Unidos, as estatísticas oficiais subestimam a população não-budista. Os investigadores independentes estimam que a população muçulmana está entre 6 a 10% da população. A pequena comunidade judaica em Yangon possui uma sinagoga.[39]

Embora o hinduísmo seja atualmente praticado somente por 1% da população, este era uma grande religião no passado de Myanmar. Várias cepas do hinduísmo existiam ao lado, tanto do budismo teravada quanto do budismo mahayana, no período Mon e Pyu, no primeiro milênio d.C.[40] [41]

Política[editar | editar código-fonte]

Myanmar é governado por um regime militar estrito, com o nome "Conselho de Estado para a Paz e Desenvolvimento". O atual chefe de Estado é o presidente do Conselho, general Than Shwe. A maioria dos postos do gabinete é ocupada por oficiais militares.[42] . Os principais partidos do país são a Liga Nacional pela Democracia e a Liga das Nacionalidades Shans pela Democracia, embora suas atividades sejam fortemente reguladas e mesmo suprimidas pelo regime militar que, ademais, proibiu o funcionamento de diversos partidos e organizações políticas.

Várias organizações de direitos humanos, inclusive a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, relatam casos de abusos do governo militar contra os direitos humanos e afirmam que não há poder judiciário independente no país[43] [44] . Há relatos de trabalhos forçados, tráfico de pessoas e trabalho infantil[45] , e o governo é conhecido por usar a violência sexual como instrumento de controle.

As eleições parlamentares de 1990 foram as primeiras em 30 anos, na qual a Liga Nacional pela Democracia, chefiada por Aung San Suu Kyi, recebeu mais de 60% dos votos e mais de 80% dos assentos na Assembleia. Entretanto, o regime militar anulou o resultado do pleito. Aung San Suu Kyi, que ganhou reconhecimento internacional como ativista pela democracia em seu país e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1991, tem sido mantida em prisão domiciliar.

Os representantes eleitos em 1990 formaram o Governo Nacional de Coalizão da União de Myanmar, um governo-no-exílio que é considerado ilegal pelo regime militar[46] .

Em 1993, o governo militar instituiu uma assembleia constituinte. Em 10 de maio de 2008, 92,4% dos 22 milhões de eleitores do país supostamente aprovaram em referendo uma constituição escrita pelos militares, com um comparecimento às urnas de alegadamente 99%, em meio aos efeitos do ciclone Nargis. Foi a primeira votação desde as eleições nacionais de 1990. A nova constituição concede aos militares 25% dos assentos no parlamento. Nyan Win, porta-voz da Liga Nacional pela Democracia, dentre outros, criticou o referendo, afirmando que "estava repleto de trapaças e fraudes por todo o país; em alguns vilarejos, as autoridades e os funcionários da seção eleitoral marcaram eles mesmos as cédulas e não permitiram aos eleitores fazer nada".[47] A nova constituição impede Aung San Suu Kyi de ocupar cargos públicos. Outros cinco milhões de eleitores votariam em 24 de maio em Rangum e no delta do Irauádi, áreas mais atingidas pelo ciclone Nargis.[48]

A repressão política e os abusos contra os direitos humanos levaram o Conselho de Segurança das Nações Unidas a incluir Myanmar na sua agenda de trabalho[49] . A ASEAN[50] , bem como os governos de diversos países, têm insistido para que o regime militar conduza o país à democracia.

Subdivisões[editar | editar código-fonte]

Mapa político de Myanmar.

Myanmar se organiza em sete divisões e sete estados, baseados nos grupos étnicos dominantes. O estados são os seguintes: Rakhine (anteriormente "Arracão"), Chin, Kachin, Shan, Kayah (anteriormente "Karenni"), Kayin (anteriormente "Karen") e Mon.

As divisões são as seguintes: Sagaing, Tanintharyi (anteriormente Tenasserim), Ayeyarwady (anteriormente Irrawady), Yangon (anteriormente Rangum), Bago (anteriormente Pegu), Magway e Mandalay.

Economia[editar | editar código-fonte]

Myanmar é um dos países mais pobres do Sudeste da Ásia e sofre há décadas de estagnação econômica, má administração e isolamento. O seu PIB cresce 2,9% ao ano, taxa considerada baixa em comparação com outras economias da região.

Sob o controle britânico, Myanmar era um dos países mais ricos do Sudeste da Ásia e o maior exportador mundial de arroz. Produzia petróleo e possuía recursos naturais e humanos, com uma população altamente alfabetizada. Cerca de 75% da teca produzida no mundo originava-se daquele país.

Após o golpe de Estado de 1962, o governo procurou estatizar as indústrias, mas em 1989 passou a descentralizar a economia. Em anos recentes, a China e a Índia têm se aproximado de Myanmar, com vistas a obter benefícios econômicos. Muitos países, como os Estados Unidos, Canadá e a União Europeia, impuseram sanções comerciais e de investimento. O investimento estrangeiro é proveniente da China, Singapura, Coreia do Sul, Índia e Tailândia.

Ademais da produção de drogas ilegais, como ópio, a atividade econômica birmanesa inclui produtos agrícolas, têxteis, produtos de madeira, material de construção, pedras preciosas, metais e gás natural.

Os arrozais cobrem cerca de 60% da área cultivada; o arroz corresponde a 97% da produção de grãos (por peso).

Cultura[editar | editar código-fonte]

Embora haja uma pletora de culturas locais em Myanmar, a cultura da maioria é principalmente budista e birmane. A cultura birmane foi continuamente influenciada pela dos países vizinhos. As artes em geral e a literatura em particular foram fortemente influenciadas pela forma birmanesa do budismo teravada. Considerado o épico nacional de Myanmar, o Yama Zatdaw é uma adaptação do ramaiana e foi muito influenciado pelas versões tailandesa, mon e indiana do texto. O budismo é praticado juntamente com a adoração dos nats (espíritos).

Num vilarejo birmanês tradicional, o mosteiro é o centro da vida cultural e os monges são venerados e apoiados pelos leigos. Todos os meninos de famílias budistas devem tornar-se noviços e monges, mesmo que por pouco tempo.

O governo colonial britânico introduziu elementos ocidentais na cultura local. O sistema educacional tem como modelo o Reino Unido. As influências arquitetônicas coloniais são mais óbvias nas cidades maiores, como Rangum. Muitas minorias étnicas, como os karen, no sudeste, e os kachin e os chin, no norte e noroeste, são cristãos.

Feriados
Data Nome em português Nome local Observações

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Nome também grafado em português nas seguintes variações: Mianmar, Mianmá e Miamar. Ver seção Etimologia.

Referências

  1. Artigo Mission accomplished as SPDC ‘dissolved’, Myanmar Times.
  2. The 2014 Myanmar Population and Housing Census Highlights of the Main Results Census Report Volume 2 – A (em inglês) Department of Population Ministry of Immigration and Population (2014). Visitado em 11 de junho de 2015.
  3. a b c d Fundo Monetário Internacional (FMI): World Economic Outlook Database (Outubro de 2014). Visitado em 29 de outubro de 2014.
  4. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): Human Development Report 2014 (em inglês) (24 de julho de 2014). Visitado em 3 de agosto de 2014.
  5. a b c Artigo Should it be Burma or Myanmar?, BBC.
  6. Mianmar tem novo nome oficial, bandeira e hino (21 de outubro de 2010). Visitado em 22 de outubro de 2010.
  7. DOELP, verbetes "Birmânia" e "Bramá".
  8. Steinberg, David L. (fevereiro de 2002). "Burma: The State of Myanmar". Georgetown University Press. ISBN.
  9. Código de redação interinstitucional, União Europeia.
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  13. Resultado de busca por "Mianmar" no sítio de O Globo. Acessado em 17 de março de 2008.
  14. Verbetes"birmanês", "mon", "páli", "peguano" e "sino-tibetano"
  15. http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23 - Vocabulário da Academia Brasileira de Letras
  16. Verbetes "birmanês", "dachani" e outros.
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  18. "Eleição do Professor Paulo Sérgio Pinheiro para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos", nota à imprensa de 6 de junho de 2007, Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
  19. Notas à imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, acessadas em 15 de junho de 2008.
  20. "Três monges mortos em confrontos com forças de segurança em Miamar", Uol.com.br, acessado em 17 de março de 2008.
  21. Dicionário Houaiss, verbete "birmanês".
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  23. Dicionário Houaiss, verbete "birmã".
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