Pão de Açúcar (Alagoas)

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Município de Pão de Açúcar
"Cidade Branca
Cidade Feliz"
Vista da cidade do Cristo Redentor

Vista da cidade do Cristo Redentor
Bandeira de Pão de Açúcar
Brasão de Pão de Açúcar
Bandeira Brasão
Hino
Aniversário 3 de março
Fundação 1854
Gentílico pãodeaçucarense
Prefeito(a) Jorge Silva Dantas (PSDB)
(2013–2016)
Localização
Localização de Pão de Açúcar
Localização de Pão de Açúcar em Alagoas
Pão de Açúcar está localizado em: Brasil
Pão de Açúcar
Localização de Pão de Açúcar no Brasil
09° 44' 52" S 37° 26' 13" O09° 44' 52" S 37° 26' 13" O
Unidade federativa  Alagoas
Mesorregião Sertão Alagoano IBGE/2008[1]
Microrregião Santana do Ipanema IBGE/2008[1]
Municípios limítrofes Palestina, Jacaré dos Homens, Monteirópolis, São José da Tapera, Belo Monte, Piranhas.
Distância até a capital 230 km
Características geográficas
Área 658,955 km² [2]
População 24 924 hab. IBGE/2014[3]
Densidade 37,82 hab./km²
Altitude 19 m
Clima semiárido
Fuso horário UTC−3
Indicadores
IDH-M 0,614 médio PNUD/2000[4]
PIB R$ 78 094,131 mil IBGE/2008[5]
PIB per capita R$ 3 182,71 IBGE/2008[5]
Página oficial

Pão de Açúcar é um município brasileiro do estado de Alagoas. Sua população, de acordo com as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2014, era de 24 924 habitantes.[3]

História[editar | editar código-fonte]

com a doação de uma Foi vasta quantidade de terras de D. João VI aos índios Urumaris, às margens do rio São Francisco que nasceu a cidade de Pão de açúcar.Muitos reflexos da lua nas águas do rio que deram o primeiro nome à cidade, "Jaciobá", "Espelho da Lua" em guarani. Outra tribo, a dos Chocós, que habitavam a ilha de São Pedro invadiu o lugar e expulsaram os Urumaris. Na mudança para o outro lado rio, também chamaram a cidade nova de Jaciobá.

A região, através de uma carta de sesmaria passou ao domínio de um português, em cerca de 1660. Lourenço José de Brito Correia iniciou uma fazenda de gado e batizou a região de Pão de Açúcar, nome inspirado, acredita-se, no Morro do Cavalete, uma elevação pórima dali, usada no processo de clarificação do açúcar.

Estas mesmas terras foram leiloadas em 1815 e o padre José Domingos Delgado e seus irmãos foram os ganhadores. A fazenda prosperou, tornou-se uma vila, e foi elevada à categoria de cidade em 1877.

Visita do imperador[editar | editar código-fonte]

É destaque na história de Pão de Açúcar a visita do imperador D.Pedro II que, em viagem à cachoeira de Paulo Afonso, pernoitou na cidade nos dias 17 e 22 de outubro de 1859. Em seu diário de viagem, depositado no Museu Imperial, D. Pedro tece elogios à vila: "A vista do Pão de Açúcar é bonita". O imperador descreve como foi sua chegada: "Cheguei por volta das 8 ao Pão de Açúcar. Receberam-me com muito entusiasmo e um anjinho entregou-me a chave da vila. Defronte desta povoação há uma grande coroa de areia, que me cansou atravessar e com a luz dos foguetes, que não têm faltado por todo o rio(…). No outro dia,"acordei antes das 5, e pouco depois das 6 fui dar um passeio pela vila. A matriz é pequena, mas decente, só tem inteiramente pronta a capela-mor, o resto acha-se coberto. Há uma bela rua direita longa e muito larga, e outra perpendicular também direita, porém menos longa e larga. Só vi uma casa de sobrado, a da Câmara, onde me hospedei.". O sobrado onde pernoitou D. Pedro II encontra-se em reforma e será transformado em museu.

Em comemoração ao sesquicentenário (150 anos) dessa visita, com origem da Foz do Rio São Francisco - Praia do Peba; Piaçabuçu; Penedo; Traipú; Pão de Açúcar; Piranhas (AL) e Paulo Afonso (BA), o Principe Dom João de Orleans e Bragança, herdeiro da família imperial, esteve visitando no dia 17 de outubro de 2009 a cidade de Pão de Açúcar - AL, na mesma data do seu Avó - Dom Pedro II. No dia seguinte, foi feita a doação do prédio onde pernoitou o Imperador, pelo Sr. Elmano Machado Gonçalves, que passou a denominar-se Museu do Paço Imperial, que será reformado e finalmente passará a funcionar como museu.

Sítios arqueológicos[editar | editar código-fonte]

Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) confirmaram e mapearam vários sítios arqueológicos localizados na Serra dos Meirús, na Pedra do Navio, Pedra do Alemar e outras regiões do município. Nesses locais foram encontradas inscrições, fósseis de animais e objetos pré-históricos. Transformados em pontos turísticos, os sítios têm atraído a atenção de visitantes e estudiosos.

Turismo[editar | editar código-fonte]

O município tem uma estrutura ideal sertaneja para o turismo, principalmente os bancos de areia que se formam no leito do rio São Francisco, conhecidos como "prainha", recebem muitos turistas nos finais de semana, vindos de municípios vizinhos em Alagoas, Bahia e Sergipe, gerando assim uma fonte de circulação real.

Lampião[editar | editar código-fonte]

A gruta de Angicos, local onde morreu Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, fica a poucos quilômetros, subindo o rio, entre as cidades de Pão de Açúcar(AL) e Piranhas(AL), no município de Poço Redondo(SE). O famoso cangaceiro e seu bando, de quase 200 homens, assombravam o Sertão na primeira metade do século passado. E, apesar de vagarem por muitos anos pelas terras do município cometendo todo tipo de crime, assaltando fazendas e povoados, nunca invadiram Pão de Açúcar. Conta-se que o "Rei do Cangaço" temia a presença do Tiro de Guerra 656, uma socidade cívico-militar que treinava os jovens da região para a defesa da cidade, além de prestar serviços comunitários. Gervásio Santos, em seu livro Um lugar no passado, conta que em 1927, Lampião que havia invadido duas fazendas próximas, mandou um emissário à cidade com cartas para os próprietários dos imóveis exigindo de cada um a importância de 4.000$000 (quatro mil contos de réis), uma fortuna para a época. Caso o pedido não fosse atendido, o cangaceiro ameaçava fuzilar todo o gado das fazendas. Protegidos pelos homens do Tiro de Guerra, os fazendeiros responderam com um bilhete debochado: "…que se Lampião quisesse tirar raça de homem valente, mandasse a mãe dele aqui para Pão de Açúcar". Como podia-se prever, o cangaceiro sadicamente matou todo o gado e quase destruiu as fazendas mas nunca pisou em Pão de Açúcar.

Lampião e mais dez cangaceiros, inclusive Maria Bonita, foram mortos na madrugada do dia 28.07.1938, na gruta de Angicos, pela volante de soldados alagoanos comandada pelo Capitão João Bezerra.

Cristo Redentor[editar | editar código-fonte]

Semelhante ao monumento erguido no morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, o Cristo de Pão de Açúcar foi inaugurado no dia 29 de janeiro de 1950. Obra do escultor João Lisboa, nascido na cidade, o monumento mede 14,80 cm de altura com o pedestal, sendo a imagem de 10m. A ideia de construir o Cristo no morro do Cavalete, onde já existia um cruzeiro, erguido nas comemorações da chegada do século XX, foi de Ernesto da Silva Pereira que durante dois anos movimentou a cidade arrecadando donativos para construir a estátua.

Do alto do Cristo, pode-se ver toda a cidade, o São Francisco, as diversas praias e a comunidade de Niterói, localizada na outra margem do rio. A semelhança com o Rio de Janeiro tem despertado a curiosidade da imprensa e, nos últimos anos, rendido várias reportagens nas grandes redes de TV, diários e revistas do país, inclusive na National Geographic Brasil.[1]

Cidadãos ilustres[editar | editar código-fonte]

  • Edvaldo Nogueira - prefeito de Aracaju
  • Heloísa Helena - professora e política brasileira, ex-presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Foi senadora e candidata a presidente nas Eleições presidenciais do Brasil em 2006.
  • Manoel Bezerra Lima - maestro Nezinho ou Manoelito, nasceu em Pão de Açúcar no dia 6 de junho de 1883 e morreu em Recife (PE) em 15 de janeiro de 1945. Cego de nascença, foi um grande violonista e compositor. Estudou música desde criança. Ingressou em 1912 no Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, onde aprendeu a ler e a escrever em braile. Passou alguns anos no Rio onde foi consagrado como grande instrumentista. Fez apresentações no Café Mourisco durante a Exposição da Praia Vermelha. De volta a Alagoas, fez vários concertos no Teatro Deodoro e no Cine-Teatro Floriano. Em 1925, criou, juntamente com Luperce Miranda, Augusto Calheiros, João Frazão, João Miranda e Romualdo Miranda, o grupo Turunas da Mauricéia que fez muito sucesso em todo o Brasil. Com os Turunas, Manoelito gravou 18 discos, tendo participado de dezenas de apresentações. Com a separação do grupo, em 1927, fez muitas apresentações, sozinho, por todo o País. Era considerado "O Mozart Alagoano". Seus concertos eram muito concorridos. Entre as suas composições, destacam-se sambas, polcas, tangos, valsas e choros como Escorrego do Urubu, Fuxico, Abandono, Amor oculto, Dedos por cordas, Cortina de Veludo, Bem-te-vi, Estado Novo.
  • Fernando Rodrigues dos Santos - nascido em Pão de Açúcar no dia 1 de dezembro de 1928, era considerado, como mestre artesão em madeira, Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Alagoas, conforme a Resolução nº 01/2007 Livro de Tombo nº 05, à folha 06 verso, a partir de 13 de abril de 2007. Morava em Ilha do Ferro, povoado distante alguns quilômetros, rio acima, de Pão de Açúcar. Suas obras estão expostas em vários museus e galerias por todo o país. São cadeiras, mesas, bancos, dragões, peixes, macacos, seres e coisas saídos da imaginação do escultor, materializaados em mulungú, imburana, craibeira e outras espécies de madeira da região, que ele colhia, em segredo, nas noites de lua cheia. Fernando Rodrigues, o Fernando de Ilha do Ferro, deixou uma herança cultural muito forte, porque tudo que ele criava tinha a marca de Ilha do Ferro. Era um artista reconhecido muito além de Alagoas, um designer do Brasil e do mundo, tanto que suas cadeiras estão espalhadas pelo planeta disse a artistá plástica Maria Amélia, em entrevista a O Jornal (13 de janeiro de 2009, pág. B1), logo após a notícia de sua morte, às 14h30 no dia 10 de janeiro de 2009, aos oitenta anos. "Seu" Fernando inspirou o cineasta Celso Brandão que, em 1981, produziu o vídeo Desvirando o Bicho. Celso conta que viajou até Ilha do Ferro para fotografar um bordado da região, o Boa Noite. Lá, conheceu Fernando, que já era bastante reconhecido em todo o Baixo São Francisco, por seus bancos feitos de galhos de árvores. "Saí andando por Ilha do Ferro e me deparei com uma placa onde havia escrito Bar Redondo. A arquitetura do lugar me chamou a atenção porque todo o mobiliário tinha a forma de círculo", diz Celso lembrando como tomou conhecimento da obra do escultor e começou a amizade que gerou o vídeo.

Referências

  1. a b Divisão Territorial do Brasil Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Visitado em 11 de outubro de 2008.
  2. IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Visitado em 5 dez. 2010.
  3. a b Estimativa populacional 2014 IBGE Estimativa populacional 2014 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2014). Visitado em 29 de agosto de 2014.
  4. Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil Atlas do Desenvolvimento Humano Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Visitado em 11 de outubro de 2008.
  5. a b Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Visitado em 11 dez. 2010.

Bibliográficas[editar | editar código-fonte]

  • Albin, Instituto Cultural Cravo. Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.In http://www.dicionariompb.com.br/, consultado em 10.01.2006, às 17h30.
  • Amorim, Etevaldo Alves. Terra do Sol, Espelho da Lua. Maceió: Ecos, 2004.
  • Azevedo, M. A. de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
  • Lins, Nide e Vieira, Alessandra. Seu Fernando, anjo do São Francisco in O Jornal, 13 de janeiro de 2009, pág. B1.
  • Mendonça, Aldemar de. Pão de Açúcar - História e Efemérides.2a. edição, revista e ampliada por Amorim, Etevaldo Alves. Maceió AL: Ecos, 2004.
  • Santos, Gervásio F. dos. Um lugar no passado, Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1976.
  • Vasconcellos, Ary. A nova música da República Velha. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1985.