Mórmon

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Santos dos Últimos Dias)
Ir para: navegação, pesquisa

Os Santos dos Últimos Dias (SUD), mais popularmente conhecidos como Mórmons, é um movimento religioso restauracionista iniciado no século XIX nos Estados Unidos da América e liderado inicialmente por Joseph Smith Jr., definido pelos seus seguidores como primeiro profeta desta época.

São normalmente identificados com sua maior denominação, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Origem do termo mórmon[editar | editar código-fonte]

O apelido mórmons foi criado por pessoas que não pertenciam à Igreja para se referirem aos membros (a princípio) do movimento dos Santos dos Últimos Dias.

O nome provém de um sagrado livro de escrituras compilado pelo antigo profeta Mórmon, intitulado O Livro de Mórmon, Outro Testamento de Jesus Cristo. Segundo a versão oficial da igreja o nome dado pelo Senhor, pelo qual os membros da Igreja devem ser conhecidos é santos dos últimos dias (SUD).[1] [2] [3]

Segundo a doutrina da igreja, nesta dispensação, que é a da plenitude dos tempos ou a última dispensação antes do glorioso dia da segunda vinda de Jesus Cristo foi incluído "dos Últimos Dias" para designar os membros da igreja nesta época, pois verdadeiramente estamos nos últimos dias.[4] A palavra Mórmon de fato tem origem no Livro de Mórmon, livro compilado pelo profeta Mórmon, que teve seu nome devido a um lugar onde vivia o povo do Rei Noé e que segundo o próprio profeta Joseph Smith, tem como significado simplesmente "muito bom".

Histórico[editar | editar código-fonte]

Na primavera de 1820, Joseph Smith Jr., então com quatorze anos, perturbado por não saber qual era a "igreja verdadeira", narra ter ido a um bosque próximo a sua casa para orar, pois, queria saber a qual igreja realmente era a igreja do Senhor. Segundo Smith Jr., em resposta à sua oração, o Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo, lhe apareceram. Joseph escreveu: “Vi um pilar de luz acima de minha cabeca, mais brilhante que o sol, que descia gradualmente sobre mim, quando a luz pousou sobre mim, vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro: — Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!” Foi respondido a Joseph que não deveria unir-se a nenhuma das igrejas existentes naquele tempo, pois a igreja de Jesus Cristo nao estava na terra.

Em um segundo momento (depois da Primeira Visão), um ser ressurreto chamado Morôni, que viveu nas Américas por volta do ano 400 depois de Cristo, teria aparecido a Smith jr. na forma de um anjo. Ele lhe falou de um livro escrito em placas de ouro (mais conhecido como "as placas de ouro") com caracteres até então desconhecidos, que quatro anos depois receberia para traduzi-lo. Smith Jr. teria recebido as placas em 1827[5] e a partir dessa altura ele as teria traduzido para a inglês, dando origem ao Livro de Mórmon, que juntamente com a Bíblia,[6] Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor é considerado escritura divina para os Santos. O termo mórmon, geralmente usado para referir-se a estes, deriva do nome do profeta Mórmon, que foi um dos autores e compiladores das escrituras que formaram o livro com seu nome.

Durante o período de tradução dos caracteres, Smith Jr. foi auxiliado por Oliver Cowdery o qual era seu escrivão. Voltou a orar, às margens do rio Susquerrana, e como resposta obteve outra visão. Dessa vez teria lhe aparecido João Batista, o qual lhes conferiu pela imposição de mãos, o sacerdócio de Aarão que lhes dava autoridade para batizar. Alguns dias depois lhes apareceram Pedro, Tiago e João, os quais possuíam as chaves do reino de Deus, transferidas a eles pelo Senhor antes de sua ascensão aos céus, os quais lhes impuseram as mãos e lhes conferiram o sacerdócio de Melquisedeque. Primeira Visão.[7]

Em 6 de abril de 1830, com apenas 6 pessoas, conforme o número mínimo exigido pela lei americana, a igreja foi formalmente organizada. E nesse mesmo ano de 1830, Smith Jr. publicou o Livro de Mórmon, tornou-se o primeiro Élder da Igreja por ele iniciada e denominada A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, isso porque cuidava ser a mesma igreja que Jesus criara quando estava na terra, só que agora Restaurada por um profeta chamado e ordenado por Deus. A mensagem da Igreja conquistou não apenas seguidores como também inimigos políticos e religiosos.

Segundo B. H. Roberts[8] , um historiador mórmon, para além de motivos religiosos, ele também referiu como motivo da perseguição a tendência dos Santos se congregarem numa só comunidade. Após a sua conversão, os Santos congregavam-se em locais indicados pelos seus líderes. Houve muitas perseguições aos Santos devido às diferenças significativas entre comunidades, nomeadamente:

  • diferenças culturais. Os membros da Igreja eram na sua maioria provenientes de Estados de Leste e do Norte e contrastavam imensamente com os moradores da fronteira Norte Americana em temas polêmicos na época, como por exemplo a Abolição da Escravatura, sendo os mórmons contra a escravidão humana.
  • diferenças políticas. Como a comunidade mórmon crescia de forma esmagadora, ao mesmo tempo ganhava grande peso em votos, tornando-se ameaçadora a nível político colocando em risco os lugares governamentais ocupados pelos antigos moradores pela possibilidade de virem a ser ocupados por cidadãos mórmons.[9]

Por conseguinte, os mórmons foram vítimas de centenas de atos de violência e segregação, como incêndios de caravanas lideradas por missionários e peregrinos. A intolerância com os religiosos mórmons, culminou no assassinato de Joseph Smith Jr., morto dentro da cela onde estava preso, em Carthage, Illinois.[10]

Crise da sucessão[editar | editar código-fonte]

Com a morte de Smith Jr., cerca de 90% de mórmons[carece de fontes?] apoiaram Brigham Young e o aceitaram como seu novo líder, considerado o segundo profeta de entre os membros da A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A igreja lançou um original e sistemático programa missionário, através do qual envia anualmente milhares de jovens entre 18 e 26 anos para um trabalho de proselitismo de dois anos ininterruptos, de forma a ser hoje a igreja cristã que mais cresce em todo o mundo (dados de 2002)[11]

Um outro grupo, cerca de 5%[carece de fontes?], apoiou Joseph Smith III, filho de Joseph Smith Jr., como seu sucessor, pois acreditavam que deveria ser pela ordem da família, assim como reis nas monarquias. Este segundo grupo ficou conhecido como A Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sendo seu nome alterado para Comunidade de Cristo no início da década de 2000, hoje conta com 200.000 membros.

Outros grupos menores continuam a existir nas regiões da planície central americana, não afiliados nem ao grupo de Utah nem aos seguidores de Joseph Smith III.


Mormonismo e Política[editar | editar código-fonte]

Muitos santos dos últimos dias se empenham ativamente em assuntos políticos e deveres cívicos. O 12.º artigo das Regras de Fé dos santos declara: "Cremos na submissão aos reis, presidentes, governadores e magistrados, como também na obediência, honra e manutenção da lei."[12]

Os santos dão grande ênfase à cargos políticos. Considerado o primeiro profeta, Joseph Smith Jr. foi prefeito de Nauvoo, Mississippi e candidato à presidência dos Estados Unidos. Seu sobrinho, Joseph F. Smith que se tornou presidente da igreja em 1901, incentivou aos jovens a "aspirar aos grandes cargos que nossa nação tem a oferecer" .[13]

O cumprimento das leis de seu país é muito importante para tais membros. O manual "Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant" incentiva "que a reverência pelas leis seja sussurrada por toda mãe americana no ouvido dos bebês que ainda estão em seu colo; que ela seja ensinada nas escolas, colégios e faculdade, que seja escrita nas cartilhas, livros didáticos e almanaques, que seja pregada nas igrejas, proclamada nos salões legislativos e executada nos tribunais de justiça." Heber, apóstolo da Igreja SUD, ensinava que a "constituição dos Estados Unidos fora inspirada por Deus".[14]

Brigham Young foi o primeiro governador de Utah e demonstrava grande honra ao governo. Quando o Estados Unidos resolveram guerrear contra o México em 1846, Young ordenou recrutamento do batalhão Mórmon para auxiliar seu país, abençoando-os com as seguintes palavras: "Deus os abençoe eternamente. Fizemos tudo isso para provar ao governo que éramos leais."[15]

Young declarou que os santos dos últimos dias são um povo "muito político" e que tais membros devem votar em "homens que apoiem os princípios de liberdade civil e religiosa".[16] Todavia, Joseph F. Smith declarou que "(…) a Igreja [de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias] segue a doutrina da separação entre igreja e estado. A Igreja não se envolve em política; seus membros podem pertencer ao partido político que decidirem seguir (…) não lhes é pedido, muito menos exigido, que votem dessa ou daquela maneira."[13]

Mórmons Famosos[editar | editar código-fonte]

Uma lista maior encontra-se no sítio [1] e [2].

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. GEE - Mórmon(s).
  2. Mosias 18:1-5,30.
  3. Livro de Mórmon.
  4. Doutrina e Convênios 115:3-4,8,17.
  5. Joseph Smith - História 1:59
  6. Pérola de Grande Valor, Regras de Fé 1:8
  7. O relato completo de Joseph Smith Jr. a respeito desta visão está em Pérola de Grande Valor, Joseph Smith - História 1:1-20.
  8. Roberts, B. H. (1905) History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, vol. 3
  9. Roberts, B. H. (1905) History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, vol. 3
  10. Relato do martírio em Doutrina e Convênios 135:1
  11. Revista Veja Edição 1736 - 30 de janeiro de 2002, e hoje conta com 16.678.500 membros (2011 Lds Records).
  12. Pérola de Grande Valor, Regras de Fé1:12
  13. a b Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith p. 125.
  14. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant p. 157
  15. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young p. 267
  16. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young p. 269

Ligações externas[editar | editar código-fonte]