Munição

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Munições de diferentes calibres.

Munição é o projétil a ser disparado de uma arma de fogo, incluindo o cartucho, que é um tubo oco, geralmente de metal, com um propelente no seu interior; em sua parte aberta fica preso o projétil e na sua base encontra-se o elemento de iniciação. Este tubo, chamado estojo, além de unir mecanicamente as outras partes do cartucho, tem formato externo apropriado para que a arma possa realizar suas diversas operações, como carregamento e disparo.

O projétil é uma massa, em geral de liga de chumbo, que é arremessada à frente quando da detonação da espoleta e consequente queima do propelente. É a única parte do cartucho que passa pelo cano da arma e atinge o alvo.

Para arremessar o projétil é necessária uma grande quantidade de energia, que é obtida pelo propelente, durante sua queima. O propelente utilizado nos cartuchos é a pólvora, que, ao queimar, produz um grande volume de gases, gerando um aumento de pressão no interior do estojo, suficiente para expelir o projétil.

Como a pólvora é relativamente estável, isto é, sua queima só ocorre quando sujeita a certa quantidade de calor; o cartucho dispõe de um elemento iniciador, que é sensível ao atrito e gera energia suficiente para dar início à queima do propelente. O elemento iniciador geralmente está contido dentro da espoleta.

Projéteis bélicos podem ser disparados sem o uso de propelentes químicos, através de impulsão eletromagnética [1] [2] (ver: canhão de Gauss e canhão elétrico).

Partes de um cartucho[editar | editar código-fonte]

Cartucho:
1: projétil
2: cápsula
3: propelente
4: base semi-aro
5: espoleta

Um cartucho completo é composto de:

  • Projétil
  • Estojo (cápsula)
  • Propelente
  • Espoleta

Projétil[editar | editar código-fonte]

Projéteis

Projétil é qualquer sólido que pode ser ou foi arremessado, lançado. No universo das armas de defesa, o projétil (popularmente, "bala") é a parte do cartucho que será lançada através do cano (ver: tiro (balística).

O projétil pode ser dividido em três partes:

  • Ponta: parte superior do projétil, fica quase sempre exposta, fora do estojo;
  • Base: parte inferior do projétil, fica presa no estojo e está sujeita à ação dos gases resultantes da queima da pólvora.
  • Corpo: cilíndrico, geralmente contém canaletas destinadas a receber graxa ou para aumentar a fixação do projétil ao estojo.

Projéteis de chumbo[editar | editar código-fonte]

Como o nome indica, são projéteis construídos exclusivamente com ligas desse metal. Podem ser encontrados diversos tipos de projéteis, destinados aos mais diversos usos, os quais podemos classificar de acordo com o tipo de ponta e tipo de base.

Tipos de pontas:[3]

  • Ogival: uso geral, muito comum;
  • Canto-vivo: uso exclusivo para tiro ao alvo; tem carga reduzida e perfura o papel de forma mais nítida;
  • Semi canto-vivo: uso geral;
  • Ogival ponta plana: uso geral; muito usado no tiro prático (IPSC) por provocar menor número de "engasgos" com a pistola;
  • Cone truncado: mesmo uso acima.
  • Semi-ogival: também muito usado em tiro prático;
  • Ponta oca: capaz de aumentar de diâmetro ao atingir um alvo humano (expansivo), produzindo assim maior destruição de tecidos.

Projéteis encamisados[editar | editar código-fonte]

São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa chamada camisa ou jaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas metálicas como: cobre e níquel; cobre, níquel e zinco; cobre e zinco; cobre, zinco e estanho ou aço. O núcleo é constituído geralmente de chumbo praticamente puro, conferindo o peso necessário e um bom desempenho balístico. Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta (projéteis expansivos). Os projéteis sólidos têm destinação militar, para defesa pessoal ou para tiro esportivo. Destaca-se sua maior capacidade de penetração e alcance.

Os projéteis expansivos destinam-se à defesa pessoal, pois ao atingir um alvo humano é capaz de amassar-se e aumentar seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva (poder de parada). Esse tipo de projétil teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção de Genebra. Os projéteis expansivos podem ser classificados em totalmente encamisados (a camisa recobre todo o corpo do projétil) e semiencamisados (a camisa recobre parcialmente o corpo, deixando sua parte posterior exposta). Os tipos de pontas e tipos de bases são os mesmos que os anteriormente citados para os projéteis de chumbo.

Projéteis expansivos[editar | editar código-fonte]

Expansão de uma bala de acordo com as velocidades de impacto.

São projéteis que tem a expansão maior, como um projétil de um fuzil ou rifle.

Os projéteis expansíveis também são conhecidos com projeteis "dum-dum". Existe o mito popular de que o nome "DumDum" significa que: O 1º "Dum" é do disparo e o 2º "Dum" da expansão do projétil, mas a origem do nome "DumDum" está associado a este tipo de projétil devido os primeiros estudos e desenvolvimento deste tipo de projétil ocorrerem na cidade de Dum Dum na Índia, pela Inglaterra (ver: bala dundum e hollow point).

Cápsula, estojo ou invólucro[editar | editar código-fonte]

Estojos

O estojo é o componente de união mecânica do cartucho, apesar de não ser essencial ao disparo, já que algumas armas de fogo mais antigas dispensavam seu uso, trata-se de um componente indispensável às armas modernas. O estojo possibilita que todos os componentes necessários ao disparo fiquem unidos em uma peça, facilitando o manejo da arma e acelera o intervalo em cada disparo.

Atualmente, a maioria dos estojos são construídos em metais não-ferrosos, principalmente o latão (liga de cobre e zinco), mas também são encontrados estojos construídos com diversos tipos de materiais como plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão (espingardas) e outros.

Bases de cápsulas com espoletas berdan (esquerda) e boxer (direita).
Esquerda: cápsula de fogo anelar.
Direita: cápsula de fogo central (nesta, vê-se claramente a marca da agulha na espoleta).

A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas de forma a aproveitar as suas características físicas.

Para fins didáticos, o estojo será classificado nos seguintes tipos:

  • Quanto à forma do corpo:
    • Cilíndrico: o estojo mantém seu diâmetro por toda sua extensão;
    • Cônico: o estojo tem diâmetro menor na boca, é pouco comum; e
    • Garrafa: o estojo tem um estrangulamento (gargalo).

Cabe ressaltar que, na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre haverá uma pequena conicidade para facilitar o processo de extração. Os estojos tipo garrafa foram criados com o fim de conter grande quantidade de pólvora, sem ser excessivamente longo ou ter um diâmetro grande. Esta forma é comumente encontrada em cartuchos de fuzis, que geram grande quantidade de energia e, muitas vezes, têm projéteis de pequeno calibre.

  • Quanto aos tipos de base:[3]
    • Com aro: com ressalto na base (aro ou gola);
    • Com semiaro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura (virola);
    • Sem aro: tem apenas a virola; e
    • Rebatido: A base tem diâmetro menor que o corpo do estojo.

A base do estojo é importante para o processo de carregamento e extração, sua forma determina o ponto de apoio do cartucho na câmara ou tambor (headspace), além de possibilitar a ação do extrator sobre o estojo.

  • Quanto ao tipo de iniciação (ver: tipo de fogo):
    • Fogo Circular (anelar): A mistura detonante é colocada no interior do estojo, dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo percussor (ou cão);
    • Fogo Central: A mistura detonante está disposta em uma espoleta, fixada no centro da base do estojo.

Cabe lembrar que alguns tipos de estojos nos diversos itens da classificação dos estojos não foram citados por serem pouco comuns.

Propelente[editar | editar código-fonte]

Propelente ou carga de projeção é a fonte de energia química capaz de arremessar o projétil a frente, imprimindo-lhe grande velocidade. A energia é produzida pelos gases resultantes da queima do propelente, que possuem volume muito maior que o sólido original. O rápido aumento de volume de matéria no interior do estojo gera grande pressão para impulsionar o projétil.

A queima do propelente no interior do estojo, apesar de mais lenta que a velocidade dos explosivos, gera pressão suficiente para causar danos na arma, isso não ocorre porque o projétil se destaca e avança pelo cano, consumindo grande parte da energia produzida.

Atualmente, o propelente usado nos cartuchos de armas de defesa é a pólvora química ou pólvora sem fumaça (como a cordite). Desenvolvida no final do século passado, substituiu com grande eficiência a pólvora negra, que hoje é usada apenas em velhas armas de caça e réplicas para tiro esportivo. A pólvora química produz pouca fumaça e muito menos resíduos que a pólvora negra, além de ser capaz de gerar muito mais pressão, com pequenas quantidades.

  • Dois tipos de pólvoras sem fumaça são utilizadas actualmente em armas de defesa:
    • Pólvora de base simples: fabricada a base de nitrocelulose, gera menos calor durante a queima, aumentando a durabilidade da arma; e
    • Pólvora de base dupla: fabricada com nitrocelulose e nitroglicerina, tem maior conteúdo energético.

O uso de ambos tipos de pólvora é muito difundido e a munição de um mesmo calibre pode ser fabricada com um ou outro tipo.

Espoleta[editar | editar código-fonte]

Espoletas

A espoleta é um recipiente que contém a mistura detonante e uma bigorna, utilizado em cartuchos de fogo central.

A mistura detonante, é um composto que queima com facilidade, bastando o atrito gerado pelo amassamento da espoleta contra a bigorna, provocada pelo percussor que por sua vez é liberado pelo gatilho. A queima dessa mistura gera calor, que passa para o propelente, através de pequenos furos no estojo, chamados eventos.

Detonação de espoletas de fogo central dos tipos boxer e berdan (esquerda e centro) e detonação de um cartucho do tipo fogo circular (direita).

Os tipos mais comuns de espoletas são:[3]

  • Boxer: muito usada atualmente, tem a bigorna presa à espoleta e se utiliza de apenas um evento central, facilitando o desespoletamento do estojo, na recarga;
  • Berdan: utilizada principalmente em armas de uso militar, a bigorna é um pequeno ressalto no centro da base do estojo estando a sua volta dois ou mais eventos; e
  • Bateria: utilizada em cartuchos de caça, tem a bateria incorporada na espoleta de forma a ser impossível cair, facilitando o processo de recarga do estojo.

Outros tipos de espoletas foram fabricados no passado, mas hoje são raros de serem encontrados.

Infografia[editar | editar código-fonte]

Munição para armas ligeiras: TMJ (Total metal jacket ou Full Metal Jacket - projétil "encamisado" com latão e núcleo de chumbo).[3]   JSP (Jacketed Soft Point ou Soft-point bullet - projétil semi-jaquetado de ponta "macia".[4]  JHP (Jacketed hollow point - projétil de ponta côncava semi-jaquetado)  AP (Armor-piercing shot and shell). Projétil que pode ter um núcleo de aço, tungstênio ou urânio empobrecido. Também usado em armas antitanque.[3]
Munição para armas ligeiras:

TMJ (Total metal jacket ou Full Metal Jacket - projétil "encamisado" com latão e núcleo de chumbo).[3]
JSP (Jacketed Soft Point ou Soft-point bullet - projétil semi-jaquetado de ponta "macia".[4]
JHP (Jacketed hollow point - projétil de ponta côncava semi-jaquetado)
AP (Armor-piercing shot and shell). Projétil que pode ter um núcleo de aço, tungstênio ou urânio empobrecido. Também usado em armas antitanque.[3]
Munição de artilharia: HE (High Explosive - munição explosiva detonada por espoleta após o impacto). Antipessoal: com carga explosiva e preenchida com metralhas de aço. Usada contra formações de infantaria. Demolição: usada contra fortificações (bunkers, casamatas, etc.)
Munição de artilharia:

HE (High Explosive - munição explosiva detonada por espoleta após o impacto).
Antipessoal: com carga explosiva e preenchida com metralhas de aço. Usada contra formações de infantaria.
Demolição: usada contra fortificações (bunkers, casamatas, etc.)
Munição perfurante (antiblindagem): Primeiros tipos: projétil de aço com carga explosiva, detonada por espoleta após o impacto. Subcalibre: (possui diâmetro menor que o cano da arma de disparo e usa sabot para ser ejetada).[5]  HEAT (High Explosive Anti Tank - Alto explosivo antitanque). APFSDS (Armor Piercing Fin Stabilized Discarding Sabot, ver: penetrador por energia cinética).
Munição perfurante (antiblindagem):

Primeiros tipos: projétil de aço com carga explosiva, detonada por espoleta após o impacto.
Subcalibre: (possui diâmetro menor que o cano da arma de disparo e usa sabot para ser ejetada).[5]
HEAT (High Explosive Anti Tank - Alto explosivo antitanque).
APFSDS (Armor Piercing Fin Stabilized Discarding Sabot, ver: penetrador por energia cinética).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Commons
O Commons possui imagens e outras mídias sobre Munição

Referências

  1. World News - Coilgun. (em inglês) Acessado em 08/09/2015.
  2. World News - Railgun. (em inglês) Acessado em 08/09/2015.
  3. a b c d e Reocities - Espaço da Perícia Criminalística. Projéteis e Espoletas. Acessado em 08/09/2015.
  4. Ebah - Munições - excelente. Jefferson Dias. Acessado em 06/09/2015.
  5. The Free Dictionary - Subcaliber projectile. (em inglês) Acessado em 06/09/2015.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Identificación del arma y la munición utilizadas en un disparo con técnicas conexionistas. María Angélica González Arrieta, Universidad de Salamanca, 2000, (em espanhol) ISBN 9788478009169 Adicionado em 06/09/2015.
  • Panorama des munitions. Bernard Meyer, Editions du portail, 1997, (em francês) ISBN 9782865510146 Adicionado em 06/09/2015.
  • The Illustrated Encyclopedia of Ammunition. Ian V. Hogg, Book Sales, Incorporated, 1987, (em inglês) ISBN 9780890099117 Adicionado em 06/09/2015.
  • Armi e munizioni comuni e da guerra. Claudio Lo Curto, Giuffrè, 2014, (em italiano) ISBN 9788814184376 Adicionado em 06/09/2015.
  • Munições. Luiz A. Horta, Editora Fittipaldi, 1996. Adicionado em 08/09/2015.
  • Dicionário de termos técnicos da área de armas & munições, incluindo gírias & jargões. Roberto de Barros Pimentel, Editora Magnum, 1986. Adicionado em 06/09/2015.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]