Martelo agalopado

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Martelo agalopado é um estilo de poema utilizado por cordelistas e cantadores, nos improvisos ou nos textos escritos. Compõe-se de uma (ou mais) estrofe(s) de dez versos decassilábicos, com ritmo rigorosamente forte, marcando tônicas nas sílabas 3, 6 e 10 (dois anapestos e um peônio de quarta).

História[editar | editar código-fonte]

O francês Jaime Pedro Martelo (1665 - 1727), partindo das oitavas camonianas, introduziu na literatura o verso de 10 sílabas que depois foi denominado Martelo, em lembrança de seu nome. Seu esquema rímico era de rimas alternadas, sem tamanho padrão de estrofes. Sua evolução passou pela sextilha com mesmo ritmo, chamado então de Martelo solto.

A partir dessa composição, o paraibano Silvino Pirauá de Lima (Patos, 1848 - Bezerros, 1923) desenvolveu o que hoje é conhecido com o nome de Martelo agalopado. Seu esquema rímico seguiu o esquema das décimas dos cantadores, ou seja, ABBAACCDDC.

Este esquema ainda é encontrado em quase todos os martelos agalopados compostos atualmente.

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Verso[editar | editar código-fonte]

O verso do Martelo (e conseqüentemente do Martelo agalopado) é uma variante de verso heróico, mantendo as tônicas nas posições 6 e 10, e apresentando outra tônica na posição 3 (o verso heróico clássico apresenta algumas vezes uma tônica na posição 2 ou 4).

Estrofe[editar | editar código-fonte]

Dez versos decassilábicos compostos de 2 anapestos e um peônio de quarta (3, 6, 10).

Alguns versos apresentam a oitava sílaba subtônica, substituindo o peônio por dois iambos (3, 6, 8, 10).

Esquema rímico predominante: ABBAACCDDC. (Existem variantes.)

Os poemas escritos, principalmente em cordel ou em glosas, podem apresentar várias estrofes.

Exemplo[editar | editar código-fonte]

"Atirei meu casaco sobre a mala,
e me pus novamente a caminhar.
Essa longa jornada para o mar
escondeu do meu rosto o riso, a fala.
Eu deixei minha rede na sala
e parti com vontade de voltar.
Precisava, entretanto, trabalhar
pra poder ser alguém, ganhar a vida
e ter mais liberdade. Essa ferida
em minh'alma eu não sei se vai sarar."
'"Velha rede"' (Paulo Camelo)