O Semanário de Trás-os-Montes e por excelência da Região Demarcada do Douro | |||
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Concelhos Peso da Régua Web Site da Câmara Municipal
Da Cidade do Peso da Régua e seu Concelho Sempre que falamos do Douro (Região Demarcada e Vinho do Porto), evocamos de imediato a Régua, cidade espraiada no grande vale do rio do Douro que, espreguiçadamente, lhe corre aos pés. Se outros pergaminhos não lhe bastassem, este seria suficiente para a impôr como a Capital do Douro e da Região Demarcada por legislação pombalina. Vejamos como Ramalhão Ortigão a descreveu numa das suas viagens ao Douro pelos finais do século XIX: "Acordado pela mais alegre alvorada que os melros têm jamais assobiado pela fresca ramaria das veigas, abro a janela. Um deslumbramento! Debaixo da varanda, voltada a Norte, estende se em doce declive um largo talhão de vinha baixa, cerrada, espessa, em todos os tons de verde, desde o mais vivo ao mais escuro, rajada das tintas maduras do Outono em manchas cor de âmbar e cor de fogo, loiras, vermelhas, calcinadas. Em baixo o rio Douro, espraiado, descreve um enorme S em toda a extensão do vale, reluzindo entre rasgões de olivedos e de pomares. por trás das ramas viçosas dos choupos e dos amieiros. Uma cortina de montanhas fecha o horizonte de todos os lados. No plano mais alto, em frente, ao fundo. alteia se a cordilheira do Marão, cujos cabeços calvos, de uma cor térrea banhada em sol. parecem pintar sobre a transparência do céu o dorso imenso de um fantástico boi. Por todas as encostas do primeiro plano descem os vinhedos em largos degraus de verdura, desde o alto dos montes salpicados de pinhais até à beira rio. Em todas as quebradas alvejam casas caiadas de branco, cintilantes ao sol nascente..". Ainda bem que as preocupações da pseudomodernidade das novas correntes não lhe desfiguraram ainda o rosto da paisagem rural e dos vinhedos. Pena é que, recentemente, as instituições administrativas locais e regionais, preocupadas apenas com o surto do progresso urbanístico da zona ribeirinha, se deixassem enlear pelas vozes dos senhores de comércio fácil com a construção de torres de habitação e hotéis de turismo, autênticos atentados às aguas coo entes onde se espelham e à nova marginal que as contorna. A cidade da Régua administrativamente pertence ao Distrito e diocese de Vila Real; é sede de concelho e comarca e tem como orago S. Faustino, distribuindo se as suas populações de 17.024 habitantes por doze freguesias: Covelinhas, Fontelas, Galafura, Godim, Loureiro, Moura Morta, Peso da Régua, Polares, Sedielos, Vilarinho dos Freires, Vinhós e Canelas. Geograficamente estão todas sediadas nas encostas das montanhas transformadas em vinhedos a caminho de Vila Real, formando uma coroa sendo a cidade seu ponto convergente e aonde vão dar todos os caminhos. Perdem se na nebulosidade dos tempos as origens da cidade da Régua. O topónimo da Régua, segundo conjecturas dalguns historiadores e filóloáos, teria origem na designação Regala que os funcionários romanos da era da administração imperial teriam dado a esta passagem estratégica do rio: regra teria a significação de manter direito, disposição legal. Direito este herdado de ascendentes ou concedido por foral? Seria esta regra ou este direito dado por D. Teresa a D. Hugo, bispo do Porto, coutando lhe as terras em volta e consignando lhe metade dos proventos da passagem das barcas que faziam a travessia entre as duas margens? Também não é de excluir a hipótese que, situando se a Régua dentro dos limites do concelho de Godim, conservasse direito próprio, uma regra que veio a designar essa área. Desses tempos imperiais se encontraram vestígios nas encostas de Covelinhas (uma típica villa) e nas proximidades de Lamego (uma estátua feminina) hoje exposta no Museu de Lamego. Na vizinha Quinta do Torrão, há cerca de um século teria sido encontrado uma espécie de saco de cimento com moedas romanas, de prata e de cobre, de grande valor numismático, com efígies de imperadores. Aliás, é sabido que, em algumas quintas, nos trabalhos de saibramento para a replantação da vinha por vezes é se surpreendido com o aparecimento de tijolos ou alicerce de tijolos ou de granito, o que vem confirmar, segundo os historiadores, a presença dos romanos em Cidadelhe, Covelinhas, Poiares e em Lamego. Associado à Régua, que nasceu paredes meias com o rio, desenvolveu se anteriormente o Peso, no cimo do monte que a abriga. Peso parece derivar de peiisaa:= peliso, o penso dado aos animais, após horas de caminhada de quem vinha de norte para sul. e, mais tarde, o próprio local onde se repousava para dar a refeição aos animais. A atestar a importância desta localidade lê se no documento de doação de D. Teresa ao bispo D. Hugo. que não se refere à zona ribeirinha, na parte baixa da actual cidade, mas a que a fica no cimo do monte, o actual Peso. É curioso notar como Rui Fernandes, na sua obra sobre Lamego, escrita em 1532, menciona "S. Prisco da Regua", figurando como freguesia diferente "a camara do Bispo do Porto que se chama o Pesso" (Peso). Há quem avance que no lugar onde hoje se encontra a Igreja do Cruzeiro, teria existido um pequeno templo, que foi completamente destruído por uma cheia, em 1734. Temos assim referências históricas a dois lugares distintos e que hoje constituem a cidade do Peso da Régua: o foral manuelino de Penaguião de 1519 citando o lugar da Régua, pertencente à "terra" e julgado de Penaguião, enquanto o lugar do Peso era um pequeno concelho onde os bispos do Porto, por ser sua "camara" exerciam a jurisdição temporal a par da espiritual, nomeando os seus poderes de justiça da vila do Peso, independente da vizinha Régua do concelho de Penaguião. Não se pode dizer pois que "a Régua é uma terra nova". como muitos por aí escrevem. Desde os primeiros tempos da monarquia se fazia, entre outros o cultivo da vinha que encontrou nesta região um clima e terreno propícios, como muito bem o refere Rui Fernandes da cidade de Lamego. Ao longo de toda a Idade Média são feitas através das águas do Douro as carregações para o Porto e daqui para a nossa feitoria da Flandres através dos mercadores; mas é, sobretudo a partir da centúria de Quinhentos que o vinho produzido nas quintas vizinhas da urbe lamecense começam a consolidar posições comerciais. São os vinhos produzidos na zona norte do concelho de Lamego mas igualmente numa linha que atravessa de Sul para Norte o coração do Baixo Corgo. passando por Cambres e alargando se até Lobrigos e Vila Real. É neste contexto geográfico de produção vitivinícola que começa a ganhar foros de importância comercial a pequena aldeia da Régua. Quando, em 1638, o alemão Cristiano Kopke decide fundar no Porto uma firma dedicada ao negócio da exportação de vinhos, o Douro já vivia uma fase de grande animação. O vinho e a vinha do Douro passam a ter uma grande importância como factor de promoção e expansão social nas terras altaneiras do Douro e se constrói a Região do País Vinhateiro. É ao longo de todo o século XVII e princípios de XVIII, nesses anos de euforia, que nas encostas mais expostas ao sol e vizinhas do Douro e seus afluentes, senhores locais, comerciantes e alguns mosteiros de ordens monásticas dão início à paisagem que hoje sobe em patamares, partindo do rio. Já antes, diz Pina Manique, quando a exportação do vinho "generoso" se fazia pelas águas do Douro, passaram a concentrar se de todas as direcções os seus produtos no lugar da Régua, que, por via disso, crescia a olhos vistos. Em 1703 pela celebração do Tratado de Methueen as plantações tomam novo incremento, invadindo as encostas até ao Cachão da Valeira, acima do Tua. A Régua, pela localização, começa a assumir se como referencial, até que nasce a Companhia de Agricultura das Vinhas do Alto Douro por alvará régio de 1756. É o início dum grande surto comercial, envolvendo proprietários, comerciantes naturais e estrangeiros e o crescimento duma região que tem por capital a cidade da Régua. Se no Peso se evidencia a acção senhorial pela construção dos seus palacetes, na Régua a acção régia pela construção dos Armazéns da Companhia, que ainda hoje constituem um dos seus ex libris. Em virtude das suas leis sobre o regime senhorial, D. Maria I, em 1789, de acordo com o prelado portuense, suprimiu a "câmara" ou couto do Peso e instituiu uma capitania mor extinta pelo liberalismo. A actual denominação Peso da Régua justifica se assim por ter sido o Peso (concelho dos bispos do Porto) e não a Régua. A separação das freguesias do Peso e da Régua ainda se mantinha nos fins do século XVIII, sendo esta paroquiada por um Arcediago e aquela por um cura. A junção ter se à verificado com a construção da nova Matriz, no Peso, em 1760. Nos fins do século XIX escreve o Abade de Miragaia:" a vila da Régua, a mais linda e de mais vida de Trás os Montes, já poderia ser cidade se os seus os seus vereadores não fossem tão indolentes... (Uma boa chamada de atenção!) a formosa vila da Régua, tão vantajosamente situada no centro do coração do Douro, dessa região encantadora, fertilíssima e mimosíssima, que não tem rival entre nós, a Régua muito bem servida por diligências, pela via fluvial e pela linha férrea do Douro, na qual tem a estação mais movimentada que há no Norte de Portugal do País depois do Porto a Régua, ainda naqueles tempos, (sec. XVIII), era uma povoação insignificante, uma pequena aldeia pertencente ao concelho de GASTRONOMIA Arroz de forno com cabrito assado e leite creme. Rebuçados da Régua; Vinhos da região Demarcada do Douro e o afamado "Vinho do Porto.
Feira Franca a 14 de Agosto no Peso da Régua: feira da Ascensão em Godim. FEIRAS SEMANAIS Peso da Régua à quartas feiras. ROMARIAS Nossa Senhora do Socorro de 14 a 16 de Agosto: Festa da Ascensão em Godi m. ARTESANATO Trabalhos de vime (cestaria): miniaturas, barcos rabelos e carros de bois típicos; trabalhos em estanho, sobretudo decoração de garrafas de Vinho do Porto. TERMAS Termas das Caldas do Moledo, situadas a SKm da cidade da Régua em direcção ao Porto. São indicadas para tratamento de afecções reumáticas, bronquites, sinusites, rinites, laringites e faringites e dermatoses.
Casa do Douro Foi a instituição mais credenciada, criada pelo Estado Novo, por Decreto 21.883 de 1932, para a defesa e legitimidade dos vinhos genuínos da Região Demarcada. Dado que a crise do sector vinícola desde há muito se havia instalado na região, decorrente da extinção pelas leis liberais (1834) da Companhia da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, e não encontrando os viticultores e os comerciantes mecanismos legais para ultrapassar as barreiras que se opunham à produção e ao comércio do vinho de benefício, a sua instituição foi desde logo acarinhada por ambas as partes sob a designação de "Casa do Douro", redigindo se de imediato os seus estatutos reguladores como entidade jurídica e instituição de utilidade pública. Para prover às despesas da organização, de garantir o seu orçamento ordinário e de a armar financeiramente constituíram se dois fundos: o Fundo Social e o Fundo de Crédito. Subjacente à filosofia económica e social decorrente dos Estatutos que lhe conferem personalidade jurídica, podem subentender se as linhas de segurança e de assistência aos pequenos e médios produtores para fazerem face às exigências e vicissitudes da produção e do comércio. Para o efeito se anuncia a necessidade de um organismo paralelo da Casa do Douro para o comércio exportador o Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto. A arbitrar uma e outra instituição, o Instituto do Vinho do Porto, criado posteriormente. Ao Estado compete uma intervenção essencialmente "coordenadora das actividades individuais, cujos direitos, aliás, de forma alguma se pretende coarctar, mas antes defender". Era assim ao tempo da sua fundação e assim foi cumprindo a sua missão, enquanto defensora dos direitos das gentes da região. A partir do momento, mormente a partir do 25 de Abril, em que agentes estranhos deram por não interpretar sensatamente os sinais dos novos tempos e as mutações sociais e económicas inerentes à evolução dos tempos, a Casa do Douro viu se espoliada das funções para que foi instituída. A década de 90 foi fatal para a sua continuidade como instância de segurança dos direitos dos produtores. O presente nada lhe augura de positivo. Adega Cooperativa do Rodo Uma das Adegas mais reputadas e medalhadas (nacional e internacionalmente) da Região Demarcada. Constituída por escritura pública a 26 de Junho de 1950. foi seu primeiro Presidente João Vasques Osório. Nasceu da vontade livre de uns tantos ilustres e distintos viticultores reguenses como às necessidades de criar melhores condições de vida para si e demais cooperadores. No ano seguinte, 1951, no Vale do Rodo, limite das freguesias de Godim/Peso da Régua, iniciaram se as obras das actuais instalações e a partir daí não parou de evoluir em termos patrimoniais e sociais. A experiência de meio século de existência na gestão do sector dos vinhos produzidos tem garantido a sua estabilidade de modo a vencer com êxito as crises nos anos de fraca produção. Em 1996, no ano agrícola produção de vinhos situou se em 2° lugar a nível regional e na 4a posição a nível nacional. Pela qualidade dos seus vinhos, recebeu em 10/03/97 na cidade de Paris o 25° Troféu Internacional da Qualidade, atribuído s empresas que no mundo se destacaram no sentido da qualidade e prestígio dos seus produtos. Os seus membros directivos têm assento no Conselho Regional de Viticultores da Casa do Douro, Comissão lnterprofissional da Região Demarcada do Douro (CIRDD) e na Associação de Empresas do Vinho do Porto. Entre outras distinções feitas aos vinhos da Cooperativa Vitivinícola do Peso da Régua Caves Vale do Rodo, são de destacar as seguintes: Medalha de Ouro Cabeça de Burro 1982 VII Concurso Nacional de vinhos engarrafados. Medalha de Prata Cabeça de Burro 1987 VIII Concurso nacional de vinhos engarrafados das Adegas Cooperativas. Medalha de Bronze Tellu!s 1992 VII Concursos de Vinhos "Douro". Meios de comunicação social O Vinho e a Região Demarcada são a alma das gentes do Douro. Os seus problemas, os anseios e as suas aspirações reflectem se no viver da sua existência. Uma das chagas do nosso País foi a emigração, que nenhum governo parecia interessado em suster. Foi assim no passado e há de continuar a ser no presente. Pois foi para responder a todo este surto migratório a ajuntar a tantos outros problemas da viticultura que, desde os finais do século XIX e o alvorecer do século XX, foram surgindo vozes na imprensa escrita para dar cunho de grito à situação degradada a que foi votado o Douro. Para grandes males, grandes remédios, dizia se na altura. E os periódicos sucederam se a clamar ao longe e ao largo pela partida da mão de obra braçal para outras terras. Primeiro a Voz do Douro e o Dissidente, seguidos do Douro, dirigido pelo Dr. Costa Pinto. No Dissidente pontificava José Maria de Alpoim, cujo rugido ecoou no Terreiro do Paço. E a verdade é que foram tomadas algumas medidas que o caso reclamava. Na mesma linha de orientação, os periódicos Cinco de Outubro e o lridependente Reguense. Estas as tribunas principais até à data em que aparece, em 1934, o Notícias do Douro, que, como o seu título sugere, se bateu desde a primeira hora pelos interesses legítimos das gentes do Douro, mormente dos viticultores, informando e prevenindo, protestando e criticando, organizando congressos e reuniões, em suma, dando uma informação alargada das verdadeiras aspirações e das medidas a tomar por parte das entidades competentes, directivas ou políticas, em prol da Região Demarcada. A comprovar as nossas asserções, leiam se os números dos últimos quinze anos, sob a direcção do Dr. Mansilha, seu Director. Recentemente. mais precisamente a partir de 1979, mais uma voz a ajuntar ao espectro jornalístico da cidade da Régua: o semanário Arrais. Está na linha das gerações do passado. Rádio Alto Douro Hoje que tanta audiência se dá às rádios locais pela sua acção meritória na promoção das populações, afastadas dos grandes centros, não podemos deixar de referir o alto papel de relevo da Rádio Alto Douro, sediada na cidade da Régua que, nos meados do século XX, foi a expressão viva das gentes do Alto Douro. Quem daquela região não ouvia, de preferência às outras estações, o programa dos discos pedidos e a informação regional? E as reportagens dos eventos que se iam acontecendo sendo o ouvinte informado através daquela estação regional? E quem não reconhecia a voz timbrada inconfundível Carlos Ruela? Infelizmente pouco tempo sobreviveu ao período revolucionário do 25 de Abril! E foi pena. Barão de Forrester Galardoada que foi a Região Demarcada do Douro com a denominação de Património Cultural Mundial da Humanidade, não nos parece legítimo que, esquadrinhando as grandes figuras que ajudaram a construir todo este Património constituído de pirâmides em patamares, a sobrelevar as duas margens do Douro, se olvidasse a memória de quem, um século e meio antes, visionou a grandiosidade monumental da sua paisagem, o Barão de Forrester. A tacanhez bairrista tão típica do nosso temperamento, nunca foi boa conselheira na apreciação das características dos outros. Não é de agora a beleza arquitectónica da arte do socalco que enfeita as margens do Douro, mas que, pelos vistos, alguns só agora descobriram. Aliás, ousamos perguntar: quantos dos portugueses presentemente a conhecem? Pois este rio encantado, desde há séculos mereceu a atenção dos ingleses. Entre muitos, a quem a beleza paisagística enlevou o seu espírito, na contemplação dum sol posto a esbater de mansinho as pérolas dos cachos já maduros, merece vir à colação o Barão de Forrester. Vindo para Portugal jovem ainda, em 1931, para com um seu tio se dedicar à actividade comercial, não tarda muito tempo que se deixe afeiçoar pelas coisas portuguesas e, especialmente, pela cidade do Porto, local onde criou inúmeras amizades com as pessoas da alta sociedade da capital do Norte. Conhecedor das apetências dos ingleses pelo vinho do Porto, cedo se empenhou activamente na arte de comercializar os vinhos generosos produzidos na Região Demarcada, que, em 1855, mereceram honrosas distinções na Exposição da Sociedade Agrícola do Porto como na de Paris. Dotado de grandes talentos, dedicou se de alma e coração ao estudo da Região, publicando livros e e folhetos, em Portugal e na Inglaterra sobre o vinho do Porto. A sua paixão leva o a desenhar e a imprimir o primeiro mapa do Douro. Rodeando se de uma equipa capaz e conhecedora das características orográficas, climatéricas e topográficas do terreno xistoso que pontuam o rio desde Barqueiros até Barca de Alva, desenvolveu um trabalho cartográfico único o Mapa do Douro que ainda hoje é um ponto de referência na demarcação do País Vinhateiro. Era uma autoridade em oídio, e foi graças aos serviços prestados à causa do Vinho do Porto que foi feito barão em 1855. E foi no desejo de ser útil à viticultura duriense e à salvaguarda dos interesses dos produtores que o levou a bater se pela não utilização das aguardentes nos vinhos secos, hábito que desde há muito se havia introduzido na sua confecção entre os vendedores. O facto gerou mesmo uma grande polémica entre os adeptos dos vinhos secos e originais e os defensores da fortificação com aguardente. Na defesa da primeira tese posicionou se o barão de Forrester, que lança a polémica em Londres, em 1843. E a polémica instalou se pela primeira vez entre produtores e os comerciantes. Curioso como já se perfilavam naqueles tempos rivalidades entre as duas frentes. Ao se apaixonar pela actividade comercial dos vinhos generosos e tendo eleito o nosso país como sua residência, o barão inglês tornou se o grande defensor dos grandes interesses ligados à viticultura do Alto Douro; para obviar às difíceis e sinuosas acessibilidades de transporte para o Porto, optou por valorizar a via fluvial como base das suas deslocações; a expensas suas mandou construir um grande barco tipo rabelo, dotando o com as características dos actuais barcos turísticos que hoje sulcam o Douro, levando os rio acima a contemplar as maravilhas suspensas nas varandas das suas margens; era o prenúncio, um século antes, da estrada turística que liga o Porto a Barca da Alva. Na sua tripulação contavam se os barqueiros mais experimentados e sabedores dos rápidos que infestavam o seu percurso. Pois foi, por ironia do destino, numa das suas viagens que foi surpreendido pela morte, em 11/5/1861, quando, o Barão de Forrester, na Quinta do Vesúvio de D. Antónia Adelaide Ferreira, iniciava mais uma viagem à Régua. E descendo rio abaixo, no Cachão da Valeira, deu se a tragédia: o barco, engolido pelo redemoinho das águas, virou se com 16 pessoas a bordo. Todos se salvaram, excepto o barão de Forrester. No Douro, nas águas do rio e nos socalcos das quintas, ainda se ouvem murmúrios da alma do ilustre Barão. É incompreensível como a Região Demarcada esqueceu um dos homens que mais trabalhou pelo seu engrandecimento, pois nem o gesto de Mário Soares, numa das suas viagens ao Douro em 1988, na qualidade de Presidente da República, redimiu ao descerrar uma placa comemorativa de bronze fixada numa das arribas do Cachão, lançando, de seguida, uma coroa de flores às águas do rio. Agora que a Região Demarcada meritoriamente foi elevada a Património Mundial pela UNESCO, após estudos aprofundados sobre a caracterização da paisagem cultural e evolutiva viva da região vinhateira modo a delimitar as fronteiras territoriais, não será despropositado apresentar os Circuitos turísticos oferecidos a todos quantos sobem rio acima para se deliciarem com o colorido do universo panorâmico: CIRCUITO DE MONTANHA /ZONA NOROESTE DO CONCELHO Conforme Mapa publicado pelo Posto de Turismo, parte se daqui em direcção ao Miradouro de Sergude Godim . Deste ponto do circuito já pode deslumbrar se com uma panorâmica em grande plano, da zona urbana da cidade com o rio Douro a seus pés. Igreja Matriz de Fontelas Construída em 1671, apresenta uma só nave, com torre e elegante balaustrada, capela mor com retábulo e tecto em caixotões estilo renascença. Miradouro de Santo António Loureiro Local onde a vista se encanta e a alma o incita a prosseguir, pois tão bela e brilhante é a cidade emoldurada de vinhedos em socalco, com o rio Douro impetuoso que é um espelho. Igreja Matriz de Loureiro Data do ano de 1702 a sua construção, nela se destacando, o altar mór pela riquíssima talha que o adorna e o túmulo que contém o corpo incorrupto do asceta "Heitorzinho o Justo" que pelas suas virtudes é visitado por gente de todo o País. Ponte Romana de Cavalar Mouramorta Ao chegar a Nostim (VILLA DE NAUSTI Séc. X), pare o seu veículo e desloque se a pé pelo caminho sinalizado que o conduzirá à ponte de cariz medieval de Cavalar, sobre o rio Sermanha. S. Tiago Sedielos Na estrada para Aldarete ao encontrar uma placa indicadora do lugar, vire à direita e dirija se ao largo de S. Tiago, onde existe uma elegante capelinha, do século XX, donde poderá apreciar as fraldas do Marão que de ambos os lados do rio Sermanha, nos desafiam a escalá las, descobrindo os circuitos e as maravilhas da natureza Águas Santas Sedielos Saia do Largo de S. Tiago que as maravilhas da natureza o esperam. Siga pelo caminho assinalado até à nascente, não explorada das águas santas. que com características de mesas, servem de terapêutica a doenças do aparelho gástrico das gentes da região. Mesa de Mouros Sedielos Se o rio Sermanha não levar muita água, atravesse a margem esquerda, onde poderá encontrar uma mesa dos "Mouros" talhada no granito da montanha. Aldeia comunitária de Aldarete Se ama a natureza não hesite em prosseguir pelo caminho assinalado, na margem direita do pequeno rio, em direcção àaldeia comunitária de Aldarete, onde poderá contactar coma humilde população, as típicas habitações e daí mesmo, obter uma magnífica panorâmica sobre as terras desta zona do concelho. Termas das Caldas do Moledo Ao regressar de Aldarete, não se esqueça que ainda tem mais uma maravilha da natureza a visitar, ali bem junto ao rio Douro as Termas. As suas águas termais hiposalinas, sulfurosas e radiocativas, brotam das numerosas nascentes a temperaturas que variam entre os 19° e os 41° C. CIRCUITO DAS VARANDAS SOBRE O DOURO Posto de Turismo Deste mesmo local propomos lhe uma novo circuito porventura não menos curioso, pela panorâmica mais tipicamente duriense. Abrigo de Desportos Náuticos A cerca de 5 Km do limite do concelho, pela estrada nacional 222, poderá encontrar, a montante da Barragem de Bagaúste, o abrigo do Clube de Caça e Pesca do Alto Douro, do qual poderá apreciar as altas potencialidades do Rio Douro para a navegação de recreio, nomeadamente regatas de Vela, Remo e Motonáutica, com o brilho que o ambiente e as potencia lidades naturais o proporcionam. Barragem de Bagaúste Atravesse a ponte sobre a barragem e na margem direita, pare e aprecie esta monumental obra da nossa engenharia dos anos 70 que transformou a paisagem e o rio que ora permanecia seco no Verão, ora provocava grandes cheias no Inverno. É desta estação hidroeléctrica que é gerida a distribuição de energia para todo o País. Sítio Arqueológico do Muro Vilarinho dos Freires Seguindo pela E. N. 3132 e depois de passar pelo lugar de S. Xisto, se desejar, faça uma incursão no mundo da arqueologia, subindo até ao lugar do Muro, onde poderá encontrar vestígios cerâmicos da presença romana. Património Monumental da freguesia de Galafura No local onde está sediada a actual povoação poderá contemplar a Igreja Matriz, Campanário e Cruzeiro. E mais à frente, a 5km. a "Fonte dos Mouros", séc. VII/VIII. Varanda sobre o Douro S. Leonardo. É aqui que poderá encontrar a majestosa varanda sobre o Douro a 566 m. de altitude e donde poderá percepcionar a orografia autêntica do Douro que se caracteriza por um enorme anfiteatro, cujo palco é uma enorme toalha líquida que espelha a riqueza da terra e os tormentos das gentes que nela labutam. Igreja Matriz de Poiares Aqui poderá visitar a Igreja com talha dourada, que foi pertença dos Templários e que contém duas cruzes, sendo uma em pau santo revestida de ornatos e outra de lâminas de prata com várias figuras, com mais de um metro de altura, verdadeira preciosidade do século XIII (1225). "Castellum" da Fonte do Milho Canelas É um monumento nacional e um testemunho da presença romana na região.
In iii volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, Preço: 30 euros
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